Economia

Entrevista: diretor da NFIA diz que Holanda quer estreitar laços com Brasil

O diretor da NFIA diz que a Holanda quer expandir negócios com o Brasil e revela quais são as áreas prioritárias

Lino Rodrigues
postado em 23/05/2018 06:00
São Paulo ; Prestes a completar 40 anos, a Agência de Investimentos Estrangeiros na Holanda (NFIA, na sigla em inglês) vem se dedicando a atrair empresas brasileiras desde 2010, quando instalou um escritório no país. Responsável por um terço dos investimentos da América Latina na Europa, e tendo a Holanda como um dos principais parceiros comerciais, o Brasil, segundo Robbert Meijering, diretor da NFIA, virou prioridade na estratégia do governo holandês para atrair empreendedores. Há seis anos no Brasil, Meijering quer agora priorizar pequenas e médias empresas brasileiras que pretendem expandir seus negócios no mercado europeu. ;A Holanda funciona como uma porta de entrada ideal para o coração econômico da Europa;, afirma ele.

O que tem atraído os investidores brasileiros para a Holanda?

A facilidade de fazer negócios, o baixo custo e a qualidade de vida para aqueles que vão morar lá. A Holanda funciona como uma porta de entrada ideal para o coração econômico da Europa, com o Porto de Roterdã e as excelentes conexões do aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, para a Europa e Ásia.

Em quais setores os brasileiros estão mais interessados?

[SAIBAMAIS]Nós vemos muitas atividades na agricultura e commodities em geral, e no setor de alimentos, bebidas e energia, além de operações comerciais como vendas e marketing.

Qual é o volume de negócios transacionados entre Brasil e Holanda?

O Brasil exporta cerca de 10 bilhões de euros para a Holanda, o que nos tornou o maior parceiro comercial do país na Europa, bem à frente da Alemanha. Muitas mercadorias não ficam nos Países Baixos, mas encontram o caminho para a Europa. O Brasil é o terceiro maior destino de investimentos estrangeiros diretos dos Países Baixos fora da União Europeia, atrás dos Estados Unidos e da Suíça, com 183 bilhões de euros em ações de FDI (Fundo de Desenvolvimento Industrial).

Que incentivos o governo holandês oferece aos brasileiros?

As empresas que estabelecem atividade econômica substancial nos Países Baixos têm o mesmo acesso a subsídios e financiamentos que as companhias holandesas. São programas de incentivo como o WBSO (benefício fiscal que oferece compensação por investimentos em pesquisa e desenvolvimento) ou o Vamil (programa que permite reduzir os custos de investimentos em meio ambiente). Além disso, alguns organismos da Holanda oferecem bolsas de investimento regional para atrair negócios de todo o mundo.

O holandês também está interessado em investir no Brasil?

Os holandeses são os maiores investidores europeus no Brasil, de acordo com a Apex (a agência de incentivo às exportações brasileiras), embora partes desses investimentos sejam de outras nações que investem no Brasil por meio dos Países Baixos. O Brasil exporta cerca de dez vezes mais para os Países Baixos do que o inverso. É, portanto, um parceiro muito importante para a Holanda.

Quantas empresas holandesas estão no Brasil hoje?

Muitas. São de grandes corporações como Unilever, Heineken, DSM, Akzo Nobel e Raboban (banco voltado para o agronegócio) a negócios de médio porte bem-sucedidos, como a Brandloyalty (especializada em programas de fidelidade) e a Adyen (empresa de pagamentos).

A maioria dos investimentos na Holanda são de grandes companhias como Brasken, Petrobras e Weg. O que o senhor está fazendo para atrair médias e pequenas empresas?

Temos muitos pequenos e médios negócios brasileiros nos Países Baixos, inclusive um número crescente de empresas de tecnologia que usam a Holanda como hub para seus negócios internacionais, devido à nossa excelente conectividade com o resto do mundo. Oferecemos orientação sobre como configurar os negócios e como encontrar locais acessíveis e provedores de serviços logísticos que atendam à base de clientes europeus.

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