O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, disse que o governo federal prometeu que o setor de transportes de carga não será reonerado na folha de pagamento antes de 2020. A promessa foi feita durante reunião no Palácio do Planalto.
O líder do movimento dos caminhoneiros explicou que a reunião mais cedo foi "tumultuada" porque alguns dos representantes dos caminhoneiros levaram pautas do setor, mas que não são prioridades na atual negociação. Entre esses temas, está a polêmica cobrança de pedágio por eixo suspenso que foi interrompida nas rodovias federais, mas segue em rodovias concedidas nos Estados.
"Reunião permanente"
O governo está em "reunião permanente" com os representantes dos caminhoneiros, disse nesta noite de quarta-feira, 23, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha Ele informou que o governo "pressentiu" já ontem que poderia haver risco de desabastecimento por causa das paralisações. "O presidente Temer, preocupado com a população, chamou várias reuniões", disse Padilha. A primeira ocorreu na tarde do último domingo.
"Ontem (terça), decidimos chamar os representantes dos movimentos dos caminhoneiros para externar preocupações com a cidadania", disse o ministro. Ele ressaltou que a paralisação pode provocar desabastecimento das famílias, a paralisação do parque industrial e a produção no campo, com a falta de ração para os criadores de frango e gado.
"A reunião desta quarta serviu para "colocar para os representantes dos caminhoneiros a preocupação" do governo com o desabastecimento e ouvir a pauta de reivindicações", disse Padilha. Ele relatou que os representantes pediram dois itens, basicamente: maior previsibilidade no reajuste do diesel e a cobrança de pedágio sobre o eixo suspenso dos caminhões. "Foi uma reunião tensa, como era de se esperar, mas de muito respeito de parte a parte", disse Padilha.
Ele informou ainda que o governo não pretende reonerar a folha do setor de transporte, como compensação à redução da Cide.
"Não podemos admitir que faltem produtos na casa dos brasileiros, inclusive dos caminhoneiros", afirmou o ministro. Ele prometeu avanços "nas próximas horas".
Mais cedo, após reunião com Padilha e outros ministros, o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, afirmou que a responsabilidade pela paralisação e pelo desabastecimento era do governo, uma vez que a categoria já vinha alertando, há um mês, sobre o risco de desabastecimento. Ele disse também que a reunião não era suficiente para suspender a greve.