Economia

Hering muda conselho e se reorganiza para trazer os clientes de volta

Depois de cinco anos consecutivos de queda nas vendas, empresa se reorganiza para trazer os clientes de volta

Natalia Viri, Geraldo Samor
postado em 24/05/2018 06:00

Roupas em loja da Hering


São Paulo ; Lutando para reverter cinco anos consecutivos de queda nas vendas, a Hering está injetando sangue novo ; e uma perspectiva idem ; em seu conselho. A companhia acaba de eleger Claudia Sciama, uma executiva veterana do Google no Brasil. Em março, já havia escolhido Andréa Mota, ex-diretora executiva do Boticário que teve uma passagem anterior pelo board da Hering em 2015 e 2016.

Claudia tem 11 anos de Google, onde ocupa o cargo de diretora de negócios para o varejo, o que lhe dá interface com todos os grandes varejistas e comércio eletrônico no Brasil. É mãe de quatro filhos. Andrea, mãe de dois filhos, foi decisiva para levar o Boticário à liderança do mercado brasileiro de perfumaria.

Os dois nomes conferem ao conselho da Hering um perfil menos financeiro e mais especializado em varejo e digital, num momento em que a empresa precisa dar mais assertividade às coleções para atrair o consumidor de volta às lojas, e instalam duas mulheres no board de uma empresa que depende predominantemente do público feminino.

As novas conselheiras substituem Marcelo Medeiros, da Cambuhy, e Marcos Pinto, da Gávea Investimentos, que estão de saída depois que as duas gestoras se desfizeram de suas posições na companhia.

Elas vão se juntar a Ivo Hering e Fabio Hering, membros da família fundadora; Patrick Morin, ex-CEO do Chase no Brasil; Fabio Barbosa, ex-presidente do Santander Brasil e da Febraban; e Márcio Guedes, o veterano banqueiro que é hoje sócio da Pangea Associados, uma consultoria financeira.

Uma das varejistas mais castigadas na Bolsa nos últimos anos, a Hering ganhou um raro respiro no pregão nos últimos dias. Segundo analistas, a Atmos Capital, gestora carioca que já atingira 5% do capital da Hering em novembro, vem aumentando sua participação e já estaria próxima de 10% da empresa. A iniciativa faria da Atmos a maior acionista depois da família Hering, que tem 14,7% da companhia. A Dynamo, também carioca, já adiantou em comunicado que ;avalia a oportunidade e a conveniência de adquirir participação adicional;.

A dupla do Leblon vem ocupar a lacuna deixada por Cambuhy e Gávea, que, juntas, chegaram a ter mais de 20% da companhia, mas venderam suas posições ao longo do ano passado depois de uma alta no papel.

Em meados do ano passado, a Hering já tentou oxigenar a gestão, mudando postos-chave na direção executiva. Trouxe Rafael Bossolani, com passagens por Walmart e Natura, para a diretoria financeira no lugar de Frederico Oldani, que tinha oito anos e meio de companhia.

Além disso, reestruturou a área comercial. O diretor Ronaldo Loos passou a ser responsável apenas pelo canal multimarcas e o mercado internacional. Para cuidar das franquias, lojas próprias e ecommerce, a companhia contratou Rafael Pivatelli, que fez carreira da C e na Malwee.

Com as vendas orgânicas em queda desde 2012, a Hering vem lutando para recuperar seu apelo num período em que a concorrência em produtos básicos (seu ponto forte) ficou mais acirrada e os consumidores querem roupas mais de acordo com as tendências de moda (seu ponto fraco).

Apesar de ter sofrido com a queda nas vendas, a Hering gera bastante caixa por conta de seu modelo baseado em franquias. ;A margem está muito abaixo do que já esteve historicamente;, diz um gestor. ;O desafio é trazer o cliente de volta, o que faria essa margem crescer rapidamente.;

No primeiro trimestre, as vendas no conceito ;mesmas lojas; tiveram um leve aumento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2017, mas a margem bruta sofreu com reajustes abaixo da inflação e a atividade promocional.

A coleção foi mais assertiva, o que se traduziu em um aumento no número de itens por compra na rede da Hering Store. Mas o tráfego nas lojas não reagiu, mostrando que a empresa precisa investir mais em marketing. O e-commerce também não engrenou ; apesar de crescer ano a ano, ainda representa menos de 5% das vendas.

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