Economia

Abastecer com etanol vale mais a pena, mas combustível já falta no DF

Consumidor paga a conta: estoques nos postos diminuem, e preços disparam na bomba

Anna Russi, Andressa Paulino*
postado em 24/05/2018 06:00

Temendo falta de combustível, consumidores de Brasília lotaram postos. Em muitos estabelecimentos, os estoques se esgotaram

O consumidor brasiliense enfrenta uma situação difícil. Apesar de a Petrobras ter anunciado a redução nos valores dos combustíveis desde ontem, postos de revenda estão aproveitando a greve dos caminhoneiros para aumentar o preço da gasolina. Em um posto de bandeira Petrobras em Planaltina,na BR 020, o litro do produto chegou a ser vendido por R$ 9 ; uma diferença gritante em relação ao preço cobrado pela estatal nas refinarias, de R$ 2,03, e também na comparação com os valores encontrados na maior parte dos estabelecimentos. Os preços abusivos são reflexo da falta de estoques de combustível nas bombas, que dá margem à especulação.

No Distrito Federal, de acordo com levantamento feito pelo Correio, o consumidor que quiser abastecer por preço mais em conta tem que se deslocar até a Estrada Parque Taguatinga (EPTG), onde o combustível pode ser encontrado por R$ 4,39. Na terça-feira, era possível comprar gasolina por R$ 4,29 o litro ; R$ 0,10 a menos que no dia anterior.

Em alguns estabelecimentos, porém, o derivado de petróleo já está em falta. É o caso do posto Smaff, na 916 Norte. E para quem pretende abastecer com etanol, a notícia é desanimadora: em diversos revendedores também não há mais estoques de álcool.

Com preços variando de R$ 3,27 a R$ 3,50 por litro, o etanol tornou-se a forma mais econômica de abastecimento, já que o produto, dependendo do posto de revenda, passou a custar até 70% do valor da gasolina. Nessas condições, rodar com o biocombustível é opção mais vantajosa para os motoristas.

Com medo da falta de combustível, o brasiliense está enfrentando filas enormes para abastecer o carro. Foi o que fez a administradora Lídia Trindade, 29 anos. Para se prevenir contra a falta de combustível, ela encheu o tanque do carro ontem à noite para garantir o uso do veículo nos próximos dias. ;Está todo mundo com medo de que o combustível acabe. Quem depende do carro tem que encher o tanque;, disse.

Segundo Lídia, os postos estão se aproveitando do momento de crise para exagerar nos preços. Contudo, ela apoia o movimento dos caminhoneiros, devido aos preços elevados dos combustíveis. ;Alguém tem que fazer alguma coisa. É complicado, porque a greve afeta toda a população, mas o preço alto, também. Dou todo o apoio e, se pudesse, estava lá protestando junto;, disse.

Divergências

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) afirmou, em nota, que discorda da política de preços da Petrobras, que acompanha a alta das cotações internacionais do petróleo. ;É uma medida desproporcional, pois ela (Petrobras) tem custos internos, e não internacionais;. Segundo a CNT, países autossuficientes na produção de petróleo praticam preços do óleo diesel mais baratos.

Para o presidente da Shell Brasil, André Araújo, no entanto, a política é correta. ;O aumento do combustível é uma circunstância do momento, pois o dólar e o barril do petróleo sofrem oscilações;, afirmou. ;Isso faz parte da atividade normal e ocorre em qualquer lugar do mundo. Não é só no Brasil que esse efeito sobre os combustíveis têm impacto na bomba;, acrescentou.

* Estagiárias sob supervisão de Odail Figueiredo

Ações da Petrobras desabam


  • As ADRs da Petrobras caíram fortemente, ontem à noite, nas negociações realizadas após o fechamento do mercado regular, na Bolsa de Nova York, refletindo a decisão da companhia de congelar temporariamente os preços do diesel. As ADRs são títulos representativos de ações. Às 19h58, horário de Brasília, os papéis cediam 5,69%, negociados a US$ 14,25. Na sessão normal, já havia sido registrado recuo de 3,76%. Na Bolsa de São Paulo, que fechou em baixa de 2,26%, as ações preferenciais da estatal tiveram queda de 5,83%.

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