Economia

Governo anuncia acordo para suspensão da greve dos caminhoneiros

A principal reivindicação dos caminhoneiros é a redução do preço do diesel; país viveu dias de caos desde o início da semana por causa da falta de abastecimento com a greve dos caminhoneiros

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 24/05/2018 21:26

Posto de combustível vazio no DF

Em pronuciamento na noite desta quinta-feira (24/5), o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou um acordo do governo federal com os caminhoneiros, que estavam em greve desde o início da semana. Segundo Padilha, foi assinado um termo, que terá validade de 15 dias, para que os motoristas retomem as atividades. "A família brasileira depende do transporte rodoviário. Pedimos aos caminhoneiros que voltem a circular. O Brasil precisa de vocês", disse Padilha.

Segundo o presidente Michel Temer, em pronunciamento durante a solenidade comemorativa do Dia da Indústria 2018, em Belo Horizonte, um dos principais pontos do acordo é a redução do PIS/Cofins. No entanto, segundo o presidente, mesmo que haja a redução, a incidência maior do tributo sobre o diesel é estadual, ou seja, proveniente do ICMS. "Espero que até amanhã esta questão esteja solucionada", completou o presidente.

Em contrato, o governo federal se compromete, entre outros itens, a reduzir a zero a alíquota da CIDE sobre o óleo diesel ainda este ano, a manter a redução de 10% no valor do diesel nas refinarias nos próximos 30 dias, a rever em 1; junho a tabela de referência do frete do serviço remunerado de cargas, não promover a reoneração da folha de pagamento do setor de transporte rodoviário de cargos, e a assegurar que os reajustes do preço nas refinarias aconteçam a cada 30 dias (diferente do que ocorre com a nova política de preços da Petrobras, na qual as revisões podem ser até diárias).

Nove das 11 entidades presentes aceitaram a proposta do Executivo, que prevê prazo de 30 dias para reajustes no preço do diesel. Esta era uma das principais demandas dos caminhoneiros, que queriam mais previsibilidade nos reajustes.

Caos

Antes de o governo anunciar o acordo, a greve dos motoristas de caminhões estava hoje no quarto dia. Brasileiros enfrentam, até então, uma crise geral no abastecimento. O cenário inclui bombas zeradas nos postos de gasolina, linhas de ônibus reduzidas, ameaças de cancelamento de voos por falta de combustível, escassaz em supermercados e, até, restrições nos cardápios de lanchonetes.

Os prejuízos são percebidos, principalmente, nos setores de transportes e de alimentação. Na quarta-feira (23/5), consumidores de ao menos 10 estados sentiram falta de itens perecíveis, como frutas, legumes e verduras, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Em Brasília, os problemas chegaram até redes de fast food. O McDonald;s do Sudoeste, por exemplo, não estava vendendo Big Mac porque o caminhão não havia chegado com o carregamento. Segundo um atendente, várias lojas da rede estavam com o mesmo problema.

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O desabastecimento de gás também virou uma realidade na capital. O Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de Gás LP do Distrito Federal (Sindivargas) emitiu um alerta de desabastecimento do combustível na capital.
As dificuldades de encontrar combustíveis para os carros, contudo, foi uma dos maiores reflexos da crise para os brasilienses. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Distrito Federal (Sindicombustíveis), mais de 60% dos postos do DF estavam sem gasolina na tarde desta quinta-feira (24/5). Os que ainda tinham o combustível em estoque chegavam a vender o litro por até R$ 9,99. O Instutito de Defesa do Consumidor (Procon-DF) multou ao menos três postos pela cobrança abusiva. Após o acordo, o Sindicombustíveis anunciou que o abastecimento dos postos deve ser normalizado no próximo sábado (26/5).
A greve dos caminhoneiros começou na última segunda-feira (21/5). Em protesto contra o alto preço do óleo diesel, os trabalhadores realizaram bloqueios em centenas de pontos de estradas de todo o país, impedindo a passagem de outros caminhões.

Petrobras


Em nota, a Petrobras disse considerar o acordo como "altamente positivo" e de "um ganho inquestionável para o país". "Do ponto de vista da empresa, o ressarcimento proposto pela União preserva integralmente a política de preços da companhia ao mesmo tempo em que viabiliza maior previsibilidade para os consumidores."

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