Economia

Supermercados perdem R$ 1,3 bilhão em vendas por causa da greve

Além da batata, a cebola, o tomate e as verduras estão entre os produtos que o consumidor mais sente falta

Isabella Souto
postado em 28/05/2018 06:00
Batata foi um dos hortifrutigranjeiros que tiveram o valor do quilo multiplicado por conta do desabastecimento dos últimos dias
São Paulo ; Com a greve dos caminhoneiros, que já dura uma semana, os supermercados brasileiros perderam vendas equivalentes a R$ 1,32 bilhão por causa do desabastecimento de produtos perecíveis, frutas, verduras, legumes, laticínios e carnes in natura, segundo estimativa de entidades representativas. Só os supermercados do estado de São Paulo deixaram de vender cerca de R$ 400 milhões de produtos perecíveis desde o início da greve. O cálculo é do superintendente da Associação Paulista de Supermercados, Carlos Correa.

;É uma estimativa conservadora;, frisa o executivo. Apesar de a greve durar uma semana, ele considerou nos cálculos a perda de vendas de cinco dias porque, nos primeiros dias da greve, havia produtos perecíveis nas lojas e as vendas não foram prejudicadas. Correa diz que essas mercadorias respondem por 36% das vendas dos supermercados e que a greve afeta hoje 80% do abastecimento desses itens.

As estimativas de prejuízo correspondem à realidade encontrada pelos consumidores nas lojas. Além da batata, a cebola, o tomate e as verduras estão entre os produtos que o consumidor mais sentia falta na manhã de ontem. Em outra loja da Rua Domingos de Morais, no mesmo bairro, as hortaliças já tinham acabado desde sexta-feira. No freezer em que elas costumam ficar guardadas, o lojista colocou garrafas de suco de laranja para preencher parte do espaço vago.


Sem produtos

O matemático Luiz Xavier, de 55 anos, faz as contas: ;Se eu levar mais um pacote de arroz, fico tranquilo para os próximos dias;. Ele, que vai todos os sábados ao supermercado, diz que o movimento aumentou ontem e que as pessoas parecem exagerar nas compras. ;Sempre que tem uma ameaça de falta de produtos, as pessoas reagem estocando alimento em casa, o que só faz acelerar a escassez. Eu vou continuar comprando o que costumava levar, me lembro bem do desabastecimento do Plano Cruzado (em 1986).;

O baixo movimento desanimou os feirantes do ;varejão; da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). O sábado, que costuma ser o dia mais movimentado, foi mais curto e muitos feirantes não foram embora antes do fim da feira. Eles estimam que metade das barracas nem abriram e o movimento caiu entre 60% e 70%.

Mesmo se o movimento dos caminhoneiros terminar hoje, a previsão é de que a normalização do abastecimento nos supermercados demore de cinco a 10 dias a partir do desbloqueio de estradas, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Como a maioria dos supermercados trabalha com estoque médio de não perecíveis, a falta no abastecimento está concentrada nos perecíveis.

R$ 400 milhões
É quanto os supermercados de São Paulo deixaram de vender em produtos perecíveis desde o início da greve dos caminhoneiros, que começou há mais de uma semana.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação