Economia

30% dos caminhoneiros ainda estão mobilizados, diz presidente da Abcam

Segundo José da Fonseca Lopes, desbloqueio total das estradas leva tempo por causa da dimensão da mobilização no país

Otávio Augusto
postado em 28/05/2018 17:30
Carretas com querosene escoltadas pelo Exército desde Betim (MG) chegam ao Aeroporto Internacional de Brasília para abastecimento de aeronaves

Após a divulgação do acordo entre a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e o governo federal, a entidade divulgou, nesta segunda-feira (28/5), como será feita a desmobilização do movimento grevista, que bloqueou estradas e desencadeou uma crise nacional de abastecimento. O presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes, explicou que a paralisação não acabou totalmente ainda por causa da dimensão do país. "Leva tempo para que os caminhoneiros na ponta fiquem inteirados da negociação e de que todas as reivindicações foram atendidas", disse.

Faltam, segundo cálculos da Abcam, desmobilizar 30% dos caminhoneiros. "Até amanhã, acredito que não haverá mais bloqueios e interrupção no abastecimento. A situação está melhorando aos poucos", explicou Lopes. Ao menos 250 mil caminhoneiros continuavam parados no fim da tarde desta segunda-feira.

Para ele, não são os caminhoneiros oficiais que continuam com o movimento, mas um "grupo intervencionista". "São pessoas que estão infiltradas no movimento. É um grupo que quer derrubar o governo. Estão usando o caminhoneiro como bode expiatório", afirmou. Ele ainda relata ameaças aos camminhoneiros. "São radicais que não usam a força, mas amedrontam", concluiu.
Na manhã desta segunda-feira (28/5), o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou em coletiva de imprensa que há ;infiltrados; na paralisação dos caminhoneiros com interesses políticos. "Alguns ali não são caminhoneiros e se infiltraram no movimento com objetivo político. Nós estamos cuidando desse assunto para que a infiltração não afete a retomada imediata das atividades", destacou, ao dizer que a Polícia Federal está ajudando nas investigações.

Segundo Lopes, o governo foi alertado no último domingo sobre a dificuldade de debelar o movimento. "Na reunião, já havia dito que estava acontecendo esse tipo de situação. O caminhoneiro está querendo trabalhar, mas não está tendo como. Vamos entregar uma lista com nomes de gente que se infiltrou no movimento", ponderou.

Sobre a participação de empresas, Lopes desmentiu. "Nenhuma empresa veio pedir para fazer greve ou para não fazer. As empresas também pararam. Em nenhum momento teve qualquer conversação sobre isso", ressaltou.

Lopes destaca ainda que a redução de R$ 0,46 no preço do diesel deve chegar às bombas para não haver outra mobilização. "Não quero falar sobre isso ainda. Não queremos incendiar o país", destacou.

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