postado em 29/05/2018 06:00
São Paulo ; Com a continuidade da greve dos caminhoneiros, apesar de o governo ter cedido em todos os pontos exigidos pelos manifestantes, as ações da Petrobras mantiveram a tendência de queda registrada desde o início dos protestos. Ontem, o papel preferencial da estatal (PN, sem voto) caiu 14,60% e a ordinária (ON, com voto), 14,07%, as maiores quedas do Índice Bovespa. No acumulado dos últimos sete dias, os papéis tiveram recuo de 31,34%.
Além das dificuldades naturais, representadas pelas perdas com a redução nos preços do diesel, estopim das manifestações em todo o país, o mercado agora teme que o presidente da empresa, Pedro Parente, não resista à crise e deixe a empresa. No mercado, é consenso que uma possível saída de Parente apenas agravaria a situação, trazendo mais incertezas e instabilidade para a petrolífera.
Responsável pela condução do processo de reestruturação e fortalecimento da empresa em termos de controles internos, governança e eficiência, Parente está ameaçado de deixar o cargo graças às mudanças na política dos reajustes dos preços dos combustíveis que o governo teve que fazer para atender às reivindicações dos caminhoneiros.
Em dois anos à frente da Petrobras, Parente mudou a política de preços de combustível, com os reajustes baseados na cotação internacional do petróleo, blindou a empresa de interferências estatais e voltou a avaliar projetos com base em seu potencial de retorno.
Neste período, a Petrobras triplicou o valor de mercado: cotada em R$ 388,8 bilhões, voltou ao topo do ranking das maiores companhias do país. Parente viveu um período de relativa tranquilidade, até o início da greve dos caminhoneiros na segunda-feira passada, quando sua política de preços foi colocada em xeque.
Com o aumento dos rumores de queda de Parente, a Petrobras se apressou em negar os boatos, ressaltando, por meio de nota, que o ;presidente da companhia... não tem intenção de deixar o posto;. O comunicado emitido pela petroleira ocorreu em meio ao calor dos protestos de caminhoneiros e pressões para que a empresa reduzisse o valor do combustível.
Outro ponto que pesa contra a Petrobras é a desconfiança dos investidores de que o governo, apesar da promessa de que pagará a petroleira pelos prejuízos com o congelamento do valor do diesel por 60 dias, não tenha dinheiro para horar com a promessa feita pelo Planalto.
Os investidores consideram que a Petrobras ficou desprotegida com o início da paralisação, em 21 de maio. Desde então, a estatal registrou perdas de R$ 118 bilhões no valor de mercado, retornando à quarta posição na lista das maiores empresas listadas na Bolsa.