Economia

Em 10 dias de greve, Brasil amarga mais de R$ 40 bilhões em prejuízos

Perdas do setor de alimentos são as mais altas, mas paralisação afetou área têxtil, de construção, comércio, montadoras, exportadores. Especialistas estimam que serão necessários, pelo menos, 30 dias para que o abastecimento seja normalizado

Otávio Augusto
postado em 30/05/2018 06:00
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil calcula prejuízo de R$ 1,7 bilhãoAs perdas causadas pela greve dos caminhoneiros ultrapassam R$ 40 bilhões, estimam associações de diversos setores da economia. As áreas mais castigadas até o momento são de produção de proteína animal, distribuidores de combustíveis e comércio varejista. As principais consultorias do país têm divulgado boletins com projeções pessimistas. Segundo especialistas, não é possível estabelecer prazo para uma recuperação.

Os números são alarmantes. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil calcula prejuízo de R$ 1,7 bilhão. A Federação do Comércio (Fecomércio) contabiliza R$ 5,4 bilhões em perdas diárias em vendas em todo o país. Os distribuidores de combustíveis deixaram de faturar perto de R$ 8 bilhões. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBic) deixou de gerar R$ 2,9 bilhões. A indústria farmacêutica perdeu R$ 1,6 bilhão. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) ainda não contabilizou prejuízo, mas as montadoras estão paradas.

No setor de alimentação, mais cifras negativas. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) destaca que o segmento de hiper, super e minimercados perdeu R$1,69 bilhão. A Associação Brasileira de Laticínios amarga prejuízo de R$ 1 bilhão. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) deixou de movimentar R$ 10 bilhões. A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), R$ 4,5 bilhões. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estima prejuízos de R$ 4,3 bilhões.

Mais de 120 mil toneladas de carne bovina deixaram de ser exportadas, o que prejudicou a participação brasileira no mercado internacional. Das 109 unidades de produção do país, 107 estão paralisadas e duas operam com menos de 50% da capacidade. O setor de proteína animal emprega mais de 7 milhões de pessoas e é responsável pela produção de mais de 25 milhões de toneladas de alimento ao ano. ;A continuação dos bloqueios para produtos alimentícios, rações e animais são um grave risco para o país;, alerta a ABPA, em comunicado.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pediu ao governo a ;intensificação da escolta; para o transporte de produtos perecíveis, carga viva e insumos para alimentação de animais. Um bilhão de aves e 20 milhões de suínos estão com ração insuficiente, além da morte de 80 milhões de animais.

Análise


O economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, acredita que ainda é cedo para se ter dimensão total dos prejuízos. ;A manifestação e os bloqueios ainda não se encerraram. O processo ainda está acontecendo. Afetou cadeias em todos os setores. O tamanho desse prejuízo será grande. Temos que entender se vai ser uma perda estrutural ou algo que volte para o equilíbrio rápido. Isso depende do desenrolar do movimento nos próximos dias;, explica. Para ele, a economia precisará de pelo menos um mês para se restabelecer. ;Serão 10 dias para voltar ao normal e retomar o ciclo produtivo. E 30 dias para voltar à normalidade;, conclui.

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