Depois dos problemas de abastecimento com produtos perecíveis, como frutas, verduras, carnes, leite e ovos, o consumidor deve enfrentar nos próximos dias a escassez de artigos de higiene pessoal e limpeza de casa. Normalmente, os supermercados trabalham com estoques superenxutos desses itens industrializados. Eles foram vendidos nos últimos dias, e agora terão de ser repostos.
"Tudo vai depender da agilidade das indústrias, que tiveram problemas na entrega de insumos, de retomar o ritmo de produção normal desses itens", diz o superintendente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Carlos Correa.
Nesta quarta-feira, 30, as dificuldades de abastecimento de perecíveis nos supermercados paulistas persistiram em relação ao dia anterior. Segundo Correa, a oferta deve melhorar hoje e amanhã nos supermercados porque foram desobstruídos 50 pontos de bloqueio de caminhões no Estado de São Paulo.
Esses pontos de bloqueio estavam espalhados entre rodovias, centros de distribuição das indústrias e também dos supermercados. De forma geral, o executivo acredita que deve demorar entre 15 e 30 dias para que as lojas consigam restabelecer o abastecimento normal de todos os itens.
In natura
Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) foram descarregadas nesta quarta, até as 15h, 5,514 mil toneladas de frutas, verduras e legumes. Nessa conta não entraram os pescados, que chegariam à Ceagesp na noite de ontem, e as flores. "O movimento do atacado ontem foi um pouco mais da metade de um dia normal", observa o economista da Ceagesp, Flávio Godas. Normalmente, entram no entreposto 11 mil toneladas diárias de frutas, verduras, legumes e pescados.
Ele explica que a maioria dos caminhões que descarregaram ontem veio do interior de São Paulo e de Minas Gerais. Já as entradas de caminhões provenientes do Sul e do Vale do Ribeira (SP) foram reduzidas. Os vilões do abastecimento continuam sendo batata, tomate, melão, abacaxi, banana e melancia. As frutas são provenientes do Nordeste. O economista acredita que amanhã 90% do fluxo de carga seja restabelecido e na segunda-feira volte a 100%.
Shoppings
A greve dos caminhoneiros fez despencar o movimento dos shoppings. Entre os dias 21 e 27 de maio, o fluxo de pessoas nos shoppings caiu 13% em relação à mesma semana do ano passado, segundo o Indicador de Fluxo em Shopping Center do Ibope Inteligência.
Essa retração é confirmada por outra pesquisa do setor. Segundo a Seed Digital, especializada em análise de fluxo, somente na terça-feira, 29, o número de visitantes em shoppings e lojas de rua caiu 21% em relação ao fluxo médio de 2018.