A Polícia Federal realizou a primeira prisão de um patrão que estimulava os funcionários a aderirem à greve dos caminhoneiros. O alvo da Operação Unlocked, deflagrada ontem, foi um empresário do setor de transportes do Rio Grande do Sul. De acordo com as investigações, ele estava ameaçando motoristas para que eles não voltassem ao trabalho e determinava que os trabalhadores abandonassem as carretas em postos de combustíveis. A prática, conhecida como locaute, representa violação das leis trabalhistas, e é prevista no Código Penal. A pena pode chegar a 16 anos de prisão. A suspeita da participação de empresários nos protestos foi levantada pelo presidente Michel Temer, nos primeiros dias de greve.
A identidade do homem é mantida em sigilo, mas a prisão ocorreu em um condomínio de alto padrão na cidade de Xangri-lá, no litoral norte. O delegado Alexandre Isbarrola, superintendente da PF no Rio Grande do Sul, afirmou que não poderia dar detalhes da investigação, para não prejudicar outras ações, mas disse que a corporação está mobilizada nos atos que levam a interdição de vias. ;O efetivo da Polícia Federal está mobilizado e trabalhando fortemente para a identificação deste e outros fatos que venham ocorrer para impedir o livre (tráfego) de mercadorias. Vamos identificar e responsabilizar essas pessoas, sendo comprovada a formação de quadrilha ou bando.;
De acordo com a PF, mais de 60 policiais cumpriram três mandados de busca e apreensão nos municípios de Vale Real e Caxias do Sul, e um de prisão temporária em um condomínio de luxo em Xangri-lá. Duas pessoas também foram detidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), acusadas de incitar protestos em Tabuleiro do Norte, no Ceará. Um dos detidos é vereador da cidade. A região mantinha, até ontem, o último bloqueio de rodovias do estado. Tropas do Exército Brasileiro também foram utilizadas para dispersar os manifestantes e liberar a passagem de veículos. O vereador que foi detido, de acordo com a PRF, mantinha seis caminhões e um carro de passeio parados no local do protesto e teria desacatado os policiais que tentaram remover um dos veículos.
O Planalto tomou conhecimento de um áudio que promete uma nova paralisação dos caminhoneiros, a partir de 0h de segunda-feira. Sem autoria definida, tem sido divulgado em diversos grupos de WhatsApp desde ontem. A promessa é de que, se o governo federal não colocar em práticas as medidas acordadas, os transportadores vão cruzar os braços novamente. Apesar da viralização do conteúdo, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) nega a autenticidade do áudio, afirma que não há uma mobilização da categoria para realizar outra greve e não reconhece o movimento.