Bruno Santa Rita*
postado em 02/06/2018 07:00
Após o encerramento da greve dos caminhoneiros, a gasolina está voltado às bombas, mas com preços muito elevados. Um levantamento feito ontem pelo Correio encontrou postos vendendo o litro do combustível por até R$ 4,99. O valor mais baixo encontrado foi de R$ 4,69, na EPTG. Dos 33 postos visitados, 23 abasteciam seus clientes normalmente e o tamanho das filas de carros diminuiu consieravelmente em comparação com a quarta-feira que antecedeu o feriado de Corpus Christi.
Em Brasília, nos últimos dias, criou-se a expectativa de que o preço da gasolina poderia baixar, já que o governo do Distrito Federal (GDF) anunciou a diminuição da base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do combustível. De R$ 4,59, o preço de referência para a tributação caiu para R$ 4,29, o mesmo que estava em vigor em abril.
O secretário da fazenda do DF, Wilson de Paula, afirmou que foi uma medida excepcional para possibilitar ao brasiliense fugir da crise gerada pela greve dos caminhoneiros. ;Nós, do governo, não queremos contribuir mais para a crise;, disse. Entretanto, por causa do feriado da quinta-feira, a redução do ICMS só entrará em vigor na segunda-feira.
Wilson de Paula explica que não houve tempo hábil para que a nova base de cálculo fosse publicada no Diário Oficial do DF União. A redução obteve anuência do Conselho de Política Fazendária (Confaz), na tarde da última quarta-feira, véspera do feriado.
De acordo com o secretário, fiscais do governo estarão nas ruas para confirmar se o preço de R$ 4,29 contribuirá para melhorar a situação. O intuito é também o de levantar os preços reais cobrados do consumidor para que se possa definir o próximo valor de referência para a cobrança do imposto. ;A base de cálculo do ICMS é um preço real que precisa ser pesquisado na bomba, para que possa ser tributado;, explicou.
Para o corretor de imóveis Aldenor Rocha de 44 anos, o preço da gasolina pesa no bolso. Ele disse que se programou para encher o tanque do carro em momentos que possibilitassem a ele fugir das filas. ;Consegui abastecer antes de que a crise se agravasse. Mas foi caro;, lamentou. Ele disse esperar que os preços não demorem muito para voltar ao normal.
O professor de história Josevaldo Ruzzon, de 55 anos, utilizou da mesma estratégia e abasteceu antes que a maioria dos postos ficasse sem gasolina. Ele disse que compreende o aumento de preços durante a crise, mas também afirmou esperar que, a partir de agora, os valores caiam. ;A gasolina está custando muito. Os postos estão segurando os preços lá em cima;, lamentou.
Segundo a sócia da área de defesa da concorrência do L.O. Baptista Advogados Patrícia Agra existem três motivos para os valores estarem em patamar alto. O primeiro é a falta do produto, gerada pela greve dos caminhoneiros. ;Com a demanda muito acima da oferta, o valor fica mais alto;, explicou.
O segundo motivo é que, mesmo com a situação caminhando para a normalidade, o consumidor ainda está disposto a pagar caro pela gasolina. O terceiro é a insegurança dos donos de postos diante das afirmações do governo de que vai haver queda no preço dos combustíveis. ;Se o governo sinaliza que pode mexer no preço, o empresário vai tentar cobrar o máximo que pode. Ninguém trabalha para ficar no prejuízo;, avaliou.
* Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo