Letícia Cotta*, Andressa Paulino*
postado em 02/06/2018 07:00
Preços abusivos têm sido queixa recorrente do brasileiro, após greve extensa que levou ao desabastecimento nos principais supermercados de todo país. Em pesquisa feita pelo Correio, dos 33 produtos pesquisados, mais de 60% registram aumento nas últimas semanas. Alguns itens, como batata e tomate, estão 100% mais caros em relação à semana anterior à greve. Além disso, o desabastecimento ainda é visível nas prateleiras, mesmo após o fim do movimento dos caminhoneiros.
Neste semana, muitos consumidores tiveram dificuldade para encontrar itens como peito de frango, ovos e hortifrútis. Segundo o levantamento, a maioria dos produtos está retornando gradativamente às prateleiras, mas ovos e mamão continuam em falta em alguns locais. A elevação de preços, porém, ainda é uma questão não resolvida. Além da batata e do tomate, arroz, açúcar, leite, carne de contrafilé, batata e outros produtos estão com preços acima dos habituais.
A professora Dione Siqueira, 54, prefere comprar alimentos com muito cuidado. ;Senti o preço maior na cebola e na carne. Com a carne, tomo cuidado porque os caminhões ficaram muito tempo parados, e muita coisa deve ter estragado;, disse ela. O importante, segundo ela, é ter consciência no consumo. ;Não é bem estocar, mas fazer planejamento no consumo;, afirma. ;Comprei só o trivial, então, se passarem mais semanas em greve, estou tranquila, até porque não sou de comprar nada em muita quantidade;, explicou.
A preocupação maior, agora, não é a escassez de comida, mas a alta dos preços, segundo o educador financeiro, Jônatas Bueno. ;As pessoas devem ter atenção nos próximos 30 dias, é um mês atípico;, aconselhou. Itens como arroz, feijão, e ovos serão cruciais nesse período. ;O ideal é fazer compras um pouco maiores de produtos que duram um pouco mais e podem ficar na geladeira, a famosa compra do mês;, explicou.
De acordo com Bueno, o período eleitoral poderá agravar a situação do país. ;É uma guerra econômica. A tendência é termos instabilidade, por conta das eleições;, acredita. E o futuro, na avaliação dele, não parece muito tranquilo do ponto de vista do abastecimento. ;Dificilmente veremos preços estáveis. Com a incerteza, o fluxo de produção oscila, e os preços também;, disse.
Carros: produção 20% menor
A greve dos caminhoneiros, que levou a indústria automobilística a suspender atividades em quase todas as fábricas do País por falta de peças, vai interromper uma sequência de 18 meses de crescimento da produção nacional. A previsão é de uma queda na casa dos 20% em relação a maio do ano passado, a primeira desde outubro de 2016. Projeção com base na média diária de produção de abril, de 12,6 mil unidades, indica que aproximadamente 75 mil veículos deixaram de ser produzidos nos seis dias em que a maioria das fabricantes fechou as portas. O número pode ser conservador, pois grandes marcas, como Ford, General Motors e Volkswagen, começaram a parar antes das demais.
* Estagiárias sob supervisão de Odail Figueiredo