postado em 04/06/2018 15:04
Nem todos os postos de combustíveis do Distrito Federal estão cumprindo a determinação de informar, por meio de placas visíveis aos clientes, o valor que era cobrado pelo litro de diesel no dia 21 de maio. A regra foi determinada por meio de portaria do Ministério da Justiça, publicada no dia 1; de junho em edição extra do Diário Oficial da União. A medida foi adotada pelo governo federal sob a justificativa de garantir que a redução de R$ 0,46 por litro deste combustível, nas refinarias, seja repassada ao consumidor final.
Apesar de estarem alterando as placas com o preço da gasolina e do etanol, os funcionários de um posto Asa Norte ainda não haviam sido informados sobre a necessidade de apresentar, próximo às bombas de diesel, o valor que era cobrado em 21 de maio. De acordo com funcionários do posto, os R$ 3,999 cobrados pelo litro de diesel não foram reduzidos por conta de o estoque ser antigo e não ter, ainda, o desconto de R$0,46 dado pelas refinarias. Segundo as chefias do posto que estava sem as placas com os preços antigos, não houve esclarecimento das autoridades sobre os procedimentos que devem ser adotados.
;Temos um estoque de quase 4 mil litros de diesel antigo. Normalmente se leva uma semana para vendermos essa quantidade. Estamos em uma sinuca de bico, sem saber o que fazer, ainda mais porque poucos caminhões circulam dentro da cidade;, disse à Agência Brasil uma das chefias do posto, que não quis se identificar por não ter autorização para falar com a imprensa.
Contatado pela reportagem, o Ministério da Justiça (MJ) informou que, para não repassarem o desconto, os postos de combustíveis precisam comprovar, por meio de nota fiscal, que o estoque comprado é antigo e não contém o desconto. Mesmo assim, segundo técnicos jurídicos do MJ, é obrigatória a apresentação do preço na data de 21 de maio. Caso o cliente questione o preço sem o desconto, cabe ao posto apresentar as notas para comprovar que a venda é ainda do estoque sem desconto.
A última nota fiscal obtida pelo posto da Asa Norte está datada em 30 de maio, ainda com o preço do diesel em alta, informou um dos funcionários do posto. Foram adquiridos 5 mil litros de diesel. Desde então, foram vendidos apenas mil litros. ;De fato é uma situação de vulnerabilidade a nossa. Estamos correndo o risco de ficar com estoque encalhado por os outros postos já terem baixado o preço do diesel. Nosso preço ainda está alto e, com isso, a tendência é a de os clientes optarem pela concorrência, até que adquiramos diesel no novo preço. Com isso, a situação que se vislumbra é a de, talvez, termos de assumir o prejuízo para trocar o estoque e baixar o preço;, disse o funcionário responsável pelo posto.
Segundo ele, o dono do posto já encomendou uma placa contendo o preço antigo. Ela, no entanto, só ficará pronta no próximo dia 6 de junho. Ao ser informado de que outros postos estariam imprimindo o preço antigo em folhas de papel e colocando-as próximas à bomba, o funcionário disse que fará o mesmo, enquanto a placa encomendada não for entregue.
Redução
Funcionários de postos localizados na BR-020, onde a circulação de caminhões é maior do que no Plano Piloto, também relatam falta de clareza com relação às novas regras, mas parte deles optou por reduzir os R$ 0,46 por litro do combustível.
Em um dos postos, a orientação dada foi a de colocar as placas com o preço antigo e reduzir o litro de diesel, que em 21 de maio estava a R$ 4,059, para R$ 3,599. ;O diesel estocado está no preço alto. Ou seja, corremos o risco de ter prejuízo porque pagamos caro;, disse a caixa do posto, Mayara Pereira. Ela explicou que coube ao gerente e aos acionistas do posto explicarem o que fazer. ;Tivemos dias de muito movimento e com filas enormes. Não dava tempo nem de tentar se informar sobre o que estava acontecendo fora daqui. No máximo ouvíamos algo falado pelos clientes, mas nem tudo que sai da boca do povo é verdade;, disse Mayara.
De acordo com a funcionária, os clientes continuam reclamando do preço mesmo após a redução. ;Há muitos clientes desinformados que, no final de semana, antes mesmo de a nova regra começar a vigorar, já cobravam as placas com os preços antigos. Essas dúvidas mostram que a divulgação dessas mudanças não está sendo tão eficiente;, completou.
Caminhoneiros
Em um outro posto da BR-020, o caminhoneiro José Henrique Chiarelli diz ser difícil, para os caminhoneiros, saberem se os preços informados nas placas dos postos são, de fato, os praticados no dia 21. ;Os preços já estavam muito altos há muito tempo. Eles (os postos) aumentaram mais do que o necessário e agora estão baixando menos do que poderiam. Essa situação tornará mais visível a participação que os postos tiveram para a alta nos preços dos combustíveis;, disse o caminhoneiro.
Em um outro posto, próximo dali, o caminhoneiro Ricardo de Lima Reis confessa não ficar muito atento ao preço porque quem paga pelo combustível é a empresa para a qual trabalha. Ele disse desconhecer as regras de exposição dos preços antigos para confirmar se o desconto foi repassado ao consumidor final. ;Nem ouvi falar disso. Como estive viajando neste final de semana, não estou a par dos últimos acontecimentos. Por isso acabei abastecendo sem prestar atenção nesses detalhes;, diz o caminhoneiro.
De acordo com o Ministério da Justiça, os postos que não repassarem o desconto dado pelo governo no óleo diesel poderão sofrer uma série de punições, desde multa até o fechamento do estabelecimento.