Economia

Postos não repassam queda nos valores dos combustíveis aos clientes

Enquanto a Petrobras, em 10 dias, reduz o preço da gasolina em 6,23% nas distribuidoras, revendedoras do DF baixam apenas 2,5%

Bruno Santa Rita*
postado em 22/06/2018 06:00

Yuri Rodrigues lamenta ter que correr a cidade para abastecer o carro gastando menos

Mesmo sem admitir uma mudança na política de preços depois do fim da greve dos caminhoneiros, a Petrobras, desde 12 de junho, reduziu os preços da gasolina nas distribuidoras seis vezes ; apesar de o dólar e o petróleo se manterem altos. Em 10 dias, as quedas somaram, em média, 6,23% nas distribuidoras. Os postos do Distrito Federal, entretanto, não repassaram totalmente as baixas para o consumidor final. Com base nas pesquisas realizadas pelo Correio entre 12 e 21 de junho, em média, o valor do combustível nas bombas caiu 2,5%.

A sócia da área de defesa da concorrência da L.O. Baptista Advogados, Patrícia Agra, indicou três possíveis motivos para que os donos de postos resistam em repassar a queda aos consumidores: baixa concorrência, aumento de custos e disposição do consumidor de pagar mais caro. ;Quando há aumento de custo e baixa concorrência, os preços tendem a subir;, explicou. E, segundo ela, se o cliente tem renda mais alta e não se importa em gastar mais ;por que baixar o preço?;.

Segundo Patrícia, as diminuições de valor nas distribuidoras podem se ;perder; no caminho até os postos. O produto passa por etapas até o destino final que tem um certo custo, que é repassado para o preço final. ;É natural que, em qualquer setor econômico que tenha diferentes etapas, o preço não seja o mesmo do início até o fim da cadeia;, argumentou.

Prejuízo

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, analisou que o prejuízo trazido pela crise ao setor dos combustíveis e lubrificantes no DF foi de cerca de 20% da arrecadação total. Para ele, isso pode motivar a resistência em baixar os preços. ;É natural que o valor da gasolina fique até um pouco acima da média como forma de absorver os prejuízos da crise;, explicou.


Bentes explica que toda atividade econômica tem custos fixos, como conta de luz, pagamento dos funcionários, entre outros. ;Com os custos fixos e uma perda expressiva, como a que ocorreu no segmento de combustíveis, o setor pode estar inclinado a ter uma queda mais lenta. Até pelo ritmo da atividade econômica nos negócios;, disse.

O autônomo Yuri Rodrigues, 28 anos, não está satisfeito com os preços nos postos. Ele reclama que ainda precisa ;perder tempo; para procurar valores menores pela cidade. ;Eu ando por vários locais, quando acho o preço mais em conta, aproveito para abastecer;, explicou. Ele acredita que os preços tendem a subir. Quanto às baixas anunciadas pela Petrobras, o autônomo afirma que são ;máscaras; para que o preço possa voltar a subir sem causar alarde no consumidor.

Tabela com preços da gasolina em postos do DF


* Estagiário sob supervisão de Rozane Oliveira

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