Agência Estado
postado em 18/07/2018 18:34
Em novo dia de agenda esvaziada no mercado doméstico, o dólar oscilou durante o dia influenciado por notícias do mercado externo, mas acabou encerrando a sessão estável, em R$ 3,8445 (-0,01%). O dólar subiu ante o peso argentino, a lira turca e o rand sul-africano. Apesar da leve queda e do comportamento relativamente tranquilo nos últimos dias, os especialistas em câmbio ressaltam que o tom no mercado é de cautela, principalmente com as eleições, e que a volatilidade pode crescer novamente. Nas próximas semanas serão definidos os candidatos e eventuais coligações dos partidos nas convenções nacionais.
[SAIBAMAIS]A quarta-feira, 18/7, foi outro dia de volume mais fraco no câmbio, influenciado pela falta de eventos importantes e pelas férias no hemisfério norte. O dólar operou em alta pela manhã e atingiu a máxima a R$ 3,8635, mas virou no começo da tarde, após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que pode costurar acordos comerciais individuais com o México e o Canadá. O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, voltou ao Congresso e repetiu a mensagem de gradualismo na alta de juros, o que também ajudou a manter os mercados tranquilos. Na mínima, o dólar chegou a cair a R$ 3,81 no começo da tarde, mas perto do fechamento reduziu o ritmo de queda e chegou a engatar alta pontual com o desmonte de operações feitas por tesourarias.
O diretor da Fourtrade Corretora, Luiz Carlos Baldan, ressalta que fluxo de recursos e operações de Tesouraria de bancos ajudaram o dólar a cair, nesta quarta, na parte da tarde, mas o tom segue de cautela. Para ele, as atenções das mesas de operação vão crescentemente se voltar para as eleições na medida em que os partidos começam a fazer suas convenções nacionais. O PDT faz a sua já nesta sexta-feira, 20. Dependendo dos nomes que se despontarem como favoritos, o dólar pode superar os R$ 4,00.
Para o operador da H.Commcor Cleber Alessie Machado Neto, o cenário eleitoral ainda indefinido continua no radar, principalmente com a dificuldade do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) em encontrar um nome para a vice-presidência em sua chapa na corrida ao Palácio do Planalto. A avaliação de Machado Neto é de que, se esse revés implicar perda de espaço de Bolsonaro nas pesquisas e impulsionar a candidatura de Ciro Gomes (PDT), isso pode ampliar as incertezas. "O mercado está de olho no Ciro, como um risco", disse o operador.
Pesquisa do Bank of America Merrill Lynch divulgada, nesta quarta, mostra que, apesar da relativa calmaria vista no mercado de câmbio nos últimos dias, a percepção de gestores e investidores é que a moeda brasileira pode perder ainda mais valor ante o dólar nos meses antes da eleição. Dos entrevistados no levantamento, 49% veem a divisa norte-americana terminando o ano acima de R$ 3,80, ante 34% da pesquisa feita em junho e de apenas 3% em maio. Além disso, 17% veem a moeda acima de R$ 4,00, ante zero da pesquisa de maio.