Economia

FMI alerta sobre impacto de guerra comercial antes do G20

O FMI ainda espera um crescimento sólido de 3,9% da economia mundial em 2019, mas tem alertado sobre o impacto negativo das medidas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos e as recíprocas de China, União Europeia, Canadá e México

Agência France-Presse
postado em 21/07/2018 12:31
O FMI ainda espera um crescimento sólido de 3,9% da economia mundial em 2019, mas tem alertado sobre o impacto negativo das medidas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos e as recíprocas de China, União Europeia, Canadá e México
Buenos Aires, Argentina - A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, alertou, neste sábado (21/7), em Buenos Aires, que o PIB global pode sofrer uma queda devido à guerra comercial em curso, antes do início de uma reunião dos ministros do G20.

"No pior cenário, as atuais medidas (comerciais) podem ter um impacto de 0,5 ponto (de queda) no PIB global" em 2020, afirmou Lagarde em uma coletiva de imprensa conjunta com o ministro da Fazenda da Argentina, Nicolás Dujovne, cujo país exerce a presidência rotativa do grupo.

Antes do início das deliberações do G20 financeiro, que reúne ministros da Economia e Finanças e presidentes de bancos centrais, a número um do Fundo Monetário Internacional (FMI) insistiu que o organismo leva em consideração para a sua avaliação as "medidas anunciadas e em processo e não especula sobre o que pode vir".

O FMI ainda espera um crescimento sólido de 3,9% da economia mundial em 2019, mas tem alertado sobre o impacto negativo das medidas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos e as recíprocas de China, União Europeia, Canadá e México.

Os responsáveis pela política econômica do G20, composto por países ricos e em desenvolvimento como Brasil, Argentina, México e Índia, vão discutir os mecanismos para enfrentar os potenciais impactos sobre a economia global das crescente tensões comerciais e reforçar a proteção do multilateralismo incorporado por uma Organização Mundial do Comércio (OMC) paralisada.

Na sexta-feira, o presidente Donald Trump jogou ainda mais lenha na fogueira da guerra comercial com a China sugerindo que pretende taxar todos os produtos do país.

"Estou pronto para chegar a 500", garantiu, em entrevista à CNBC, referindo-se ao total de US$ 505,5 bilhões em importações da China registrados em 2017.

Após a adoção das tarifas de importação sobre aço e alumínio, um gesto que afeta diretamente a China, Washington adotou tarifas suplementares para 34 bilhões de máquinas, enquanto analisa um pacote extra para 16 bilhões.

Ao mesmo tempo, o Departamento de Comércio já admitiu que estudos estão sendo desenvolvidos para definir uma lista de produtos chineses que poderiam ser precificados e que chegariam a 200 bilhões de dólares.

Pequim denunciou que são os primeiros passos da "maior guerra comercial na história da economia" e deixou claro que aplicará medidas retaliatórias a cada tarifa dos EUA.

- Tensão monetária e petróleo -
Trump acrescentou outra questão difícil a uma agenda já sobrecarregada do G20. Se a presidência argentina do grupo pretendia abordar questões como o futuro do trabalho, o financiamento de infraestruturas ou a transparência fiscal, agora deverá abordar também a espinhosa questão das moedas e das taxas de câmbio.

"A China, a União Europeia e outros vêm manipulando suas moedas e taxas de juros", criticou Trump no Twitter na sexta-feira, reclamando da força do dólar que está prejudicando a "vantagem competitiva" de seu país.

Trump também incluiu o Fed entre seus criticados, por sua política de aperto monetário que fortalece o dólar.

Para conter o avanço da inflação na maior economia do mundo, o Fed elevou as taxas de juros sete vezes desde 2015 e considera pelo menos mais dois aumentos este ano.

Essa prática aumenta o custo do dinheiro e pode ter impacto no crescimento, mas, ao mesmo tempo, impede o superaquecimento da economia.

A retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã e seu impacto sobre os preços do petróleo, a subida do dólar e aumento das taxas de juros dos Estados Unidos que aumenta o capital retração das economias menos desenvolvidas - 14 bilhões de dólares entre maio e junho de 2018 -, está atingindo duramente países como Brasil e Argentina, que continuam apostando no G20 para fazer ouvir a voz dos países emergentes.

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