Economia

Retração na atividade econômica do país

Segundo os dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas, o principal motivo para o recuo foi a greve dos caminhoneiros

Gabriel Ponte*
postado em 24/07/2018 19:17
Segundo os dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas, o principal motivo para o recuo foi a greve dos caminhoneiros
A atividade econômica do país registrou retração de 1,5% em maio, quando comparada ao mês anterior, de acordo com dados do monitor do Produto Interno Bruto (PIB) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgados nesta terça, 24/7. Segundo os dados, o principal motivo para o recuo foi a greve dos caminhoneiros, que teve duração de dez dias, afetando áreas essenciais da economia brasileira.

[SAIBAMAIS]De acordo com a FGV, uma queda de 1,8% da economia foi registrada em relação à maio de 2017. Quando analisado o período trimestral móvel, finalizado em maio, houve recuo de 1% em relação ao mesmo período encerrado em fevereiro. Porém, quando comparado em um período interanual, houve aumento de 0,5%.

Segundo o monitor, as atividades industriais de transformação, que convertem matéria-prima em produto final ou intermediário para outro tipo de indústria, registraram a maior queda: 9,1%. O resultado pôs fim à uma série de resultados crescentes nos últimos dez meses. O efeito também atingiu a área de construção, que decaiu 4,5%. No setor de serviços, registrou-se recuo na área de transportes (-14,6%) e consumo das famílias (-4,4%).

Na visão de Cláudio Considera, coordenador dos dados do monitor do PIB da FGV, a retração observada é fruto exclusivo da paralisação dos caminhoneiros. ;Esse número é a greve. A economia estava se recuperando em abril, mas, se você olhar, a indústria leva um tombo. Transportes caiu 14%, comércio, 4,4%. A indústria de transformação, ao meu ver, sofreu uma retração abrupta. Caiu 9,1%. Além disso, a pecuária também sofreu muito. O país começava a se recuperar depois de 49 meses e levou um tombo;, explica.

No entanto, segundo Cláudio, a greve ocorrida em maio foi algo pontual. ;O trimestre foi muito irregular, mas não é exemplo. Eu acredito que pode haver um crescimento no PIB de até 2%, indo contra as expectativas de instituições financeiras. Julho vai mostrar bons sinais, como a melhora na expectativa de confiança do consumidor;, prevê.

Já para o economista Felipe Queiroz, a queda não é consequência exclusiva do movimento dos caminhoneiros. ;Há outros elementos, como a taxa de desemprego e arrochos não liberais do governo. Percebo que boa parte das análises econômicas têm excluídos esses elementos, ficam no patamar da greve apenas;, observa.

A paralisação dos caminhoneiros fez com que economistas e instituições financeiras reduzissem as expectativas de crescimento interno do país em 2018. O Banco Central (BC) diminuiu as perspectivas de avanço de 2,6% para 1,6%. A prática de revisão também foi feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que reduziu o avanço econômico do Brasil de 2,3% para 1,8%, em relatório divulgado na segunda, 16.
*Estagiário sob supervisão de

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