Economia

Mais da metade das empresas de transporte de cargas correm alto risco

Pesquisa mostra que, das empresas inadimplentes, 33,9% já estão endividadas e/ou em processo de falência

Bruno Santa Rita*
postado em 24/07/2018 19:24
Caminhões
Uma em cada seis empresas do setor de transporte de cargas correm alto risco de não honrar com as dívidas. Segundo estudo da Serasa Experian, 56% das empresas do setor foram classificadas com alto risco de inadimplência. A Serasa explica que os números são um alerta para as negociações no setor que, após a recente crise dos caminhoneiros, teve a relação comercial abalada.

[SAIBAMAIS]Do total de transportadoras com alto risco financeiro, 33,9% são empresas já inadimplentes e/ou com processos de recuperação judicial e extrajudicial e falência decretada. O médio risco de não cumprir com as dívidas é representado por 16,6% das empresas do setor e o baixo risco equivale a 27,4% das corporações.

Segundo o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, a economia ter parado de crescer é um dos motivos que explicam a alta taxa de inadimplência dessas empresas. ;Para sair disso, a economia tem que voltar a crescer;, indicou. Ele explica que, além da economia já não estar em uma situação agradável, a greve dos caminhoneiros teve o papel de agravar a situação.

Pires também explica que é necessário que o setor, aliado ao governo, tenha medidas criativas para reativar a economia. Segundo ele, hoje o setor conta com uma frota de caminhoneiros acima da necessidade. ;É necessário sucatear e elaborar formas criativas de ajeitar a situação, uma política para os caminhoneiros. Não tabelar e congelar preços;, informou.

Pequenas e médias empresas


As pequenas e médias empresas (faturação de até R$ 4 milhões/ano) são as que demonstram situação mais crítica no setor. A probabilidade de calote para essas empresas é de 59%. Logo em seguida, vem as médias empresas (faturamento anual de até R$ 50 milhões) com 55%. Por fim, as grandes corporações (faturamento anual de até R$ 200 milhões) com 38%.

O diretor de gestão de estratégia da Serasa Experian, Mário Rodrigues, explica que o setor é muito pulverizado e contém uma grande quantidade de pequenas e médias empresas. ;Elas têm menos caixa, menos acesso à crédito. Isso acaba prejudicando o setor como um todo porque são muitas pequenas e médias empresas;, analisou.

Rodrigues indicou que é necessário que as empresas estejam preparadas para lidar com o calote. ;É importante que uma empresa de alimentos, por exemplo, saiba da saúde financeira dos seus fornecedores. Ela pode ficar na mão em momentos importentes;, alertou. Ele explica que, embora haja dificuldades para a economia e para o setor, a situação deve melhorar. ;A situação não é tão otimista, mas é melhor do que na última recessão, em 2016;, comentou.

Eleições


O advogado especializado em infraestrutura sócio da L.O Baptista Advogados Fernando Marcondes afirma que há muitas dificuldades no horizonte econômico. ;2019 é um ano de muita incerteza;, explicou. Ele acredita que fatores externos como as eleições podem piorar, ainda mais, a situação econômica do país. ;As opções de candidatos não são consideradas boas pelo mercado;, informou.

O advogado também alerta que as medidas tomadas pelo governo após a greve devem ser revistas. Segundo ele, elas não resolvem o problema em questão. ;A greve teve efeitos que estão persistindo. No fim das contas, ela tinha uma motivação política. O fato é que o preço do combustível continua alto e o que foi feito não resolve a questão. Os fretes continuam caros;, esclareceu.
*Estagiário sob supervisão de

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