Economia

Mudança no Repetro deve ter impacto de R$ 32,7 bi nas importações, diz MDIC

A importação de plataformas impactou as importações em US$ 3,3 bilhões em julho

Agência Estado
postado em 01/08/2018 17:19
Em julho, houve uma alteração no Repetro que permite benefício tributário para bens utilizados na exploração de petróleo mantidos no Brasil
O crescimento de 42,7% das importações em julho foi impulsionado pelo movimento de nacionalização de plataformas de petróleo depois de o governo ter anunciado mudanças nas regras tributárias para o setor. Em julho, houve uma alteração no Repetro que permite benefício tributário para bens utilizados na exploração de petróleo mantidos no Brasil. Até então, os benefícios só eram concedidos se esses bens estivessem no exterior.

[SAIBAMAIS]No total, a importação de plataformas impactou as importações em US$ 3,3 bilhões em julho, elevando o valor comprado do exterior em julho a US$ 18,643 bilhões, o maior valor desde 2014. De acordo com o diretor de Estatísticas e Apoio às Exportações do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Herlon Brandão, a expectativa é que a mudança no Repetro tenha impacto de R$ 32,7 bilhões neste ano (cerca de US$ 8,7 bilhões).

No mês passado, foi feita uma operação contábil com uma plataforma da Petrobras (P-69) que foi exportada e importada no mesmo mês para conseguir ter acesso aos benefícios tributários, já que foi produzida em um período de transição entre as regras. A plataforma foi exportada por US$ 1,2 bilhão e, imediatamente depois, importada por US$ 1,6 bilhão, elevando as exportações nesse montante e reduzindo o saldo comercial em US$ 400 milhões. Uma segunda plataforma foi comprada da China também por US$ 1,6 bilhão, o que também ajudou a inflar as importações.

Apesar do impacto estimado para o ano, Brandão disse que o volume não é suficiente para mudar a previsão de superávit comercial no ano, que é de US$ 50 bilhões.

Minério de ferro


Em meio à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e as indefinições causadas no mercado, as exportações brasileiras de minério de ferro e de semimanufaturados de ferro/aço cresceram em julho.

Principal insumo utilizado na produção de aço, a venda de minério de ferro ao exterior somou R$ 1,814 bilhão em julho, uma alta de 47%. De acordo com Brandão, isso se deveu principalmente à variação de preço do produto, que subiu 33,9%, enquanto a quantidade aumentou 9,8% ante junho de 2017.

"As incertezas internacionais aumentaram o preço do minério de ferro", afirmou. Já as exportações de semimanufaturados de ferro/aço subiram 35,1% de junho de 2017 para junho deste ano, atingindo R$ 427 milhões.

Em junho, com a retração na economia da Argentina, houve queda nas vendas de automóveis de passageiros de 35,7%. No ano, as exportações do produto acumulam queda de 11,1%. Isso contribuiu para reduzir em 6,2% a venda de produtos manufaturados, que vinha em alta.

Greve


De acordo com Brandão, a greve dos caminhoneiros teve impacto apenas "residual" no comércio exterior no mês de junho, com a situação praticamente normalizada. Por outro lado, houve alta de 0,5% na compra de combustíveis em julho, patamar bem menor do que o registrado ao longo do ano, de 20,8%.

Em junho, quando passou a vigorar um programa de subsídios para o diesel - solução encontrada pelo governo para acabar com a greve nos transportes -, as importadoras de combustível chegaram a paralisar as compras do exterior temendo não ter acesso aos mesmos subsídios dados à Petrobras. O governo, no entanto, garantiu que o tratamento será igual para os produtores locais e importadores.


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