Economia

Estiagem compromete reservatórios de abastecimento e geração de energia

A Agência Nacional de Águas (ANA) já impôs restrições, por exemplo ao abastecimento de São Paulo

Otávio Augusto
postado em 02/08/2018 15:37
Obra da Sabesp que aumentou a disponibilidade de água para 39 milhões de pessoas no Cantareira
Se a estiagem se prolongar o abastecimento da população e a geração de energia elétrica em reservatórios brasileiros poderão ficar gravemente comprometidos. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) faz projeções pessimistas, mesmo se as chuvas até novembro ficarem acima da média. A Agência Nacional de Águas (ANA) já impôs restrições, por exemplo ao abastecimento de São Paulo.

O Sistema Cantareira, composto por seis represas, está numa situação pior que em julho do ano passado. Se chover dentro de índices da média histórica, ele terá pouco mais de 50% da capacidade para enfrentar todo o período de seca. Se chover menos, ele ficaria com 26%. Atualmente, o volumeacumuladoé de 39,69% ; pior índice desde 2016. Como consequência, a ANA determinou que desde ontem fosse reduzida a retirada de água pela Sabesp para a Região Metropolitana de São Paulo. O índice foi limitado a 27 metros cúbicos por segundo.
Em nota, a Sabesp nega as informações do governo. "O cálculo do Cemaden comete dois equívocos que comprometem a exatidão dos cenários simulados: utiliza na simulação uma retirada de água do Cantareira maior do que efetivamente vem sendo feita pela Sabesp. Estima que a companhia vai tirar 27 m;/s (27.000 litros por segundo), mas na verdade está tirando 22 m;/s (22.000 l/s); e erra no volume de água que está sendo trazida da bacia do Paraíba do Sul para o Cantareira. Calcula a transferência de 5,13 m;/s (5.130 l/s), mas a Sabesp está puxando 8,13 m;/s (8.130 l/s) e pode chegar a 8,5 m;/s (8.500 l/s). Ou seja, o Cemaden prevê que a Sabesp vai gastar mais água do que realmente utiliza e que vai trazer menos água do Paraíba do Sul do que realmente está fazendo", explica o texto.

A Bacia do Rio São Francisco, tem panorama semelhante. Se chover na média, apenas 38% do volume total será recomposto. A ANA autorizou a redução da vazão dos reservatórios de Sobradinho e Xingó. Antes da crise, a vazão média mínima era de 1.300metros cúbicos por segundo. Agora, chegou a 600. Desde 2013 o manancial sofre restrições.

A Bacia do Rio Tocantins apresenta panorama mais otimista. Se chover na média, 87% da água completará o reservatório. Todo o sistema tem 55,56% da capacidade total. A Usina de Serra da Mesa, distante 260km de Brasília, acumula 20,44%. A ANA determinou que até dezembro a vazão do reservatório seja de 300 metros cúbicos.

Nos reservatórios do sudeste, nordeste e centro-oeste a crise é decorrente de vários anos com chuvas abaixo da média, explica o coordenador-geral de Operações e Modelagens do Cemaden, Marcelo Seluchi, . ;A situação ficou mais crítica no verão de 2013 para 2014. O sistema nunca conseguiu se recuperar totalmente. Depois as chuvas vieram normal ou abaixo do normal. Sequência de quatro a cinco anos que estamos abaixo da média.Há um deficit de água no solo que não se reverte com chuva na média. Atualmente, o menos provável é chover acima da média. O quadro não deve melhorar;, conclui.

A estiagem prolongada é um dos motivos para bandeira vermelha patamar 2 continua em vigência pelo terceiro mês consecutivo. Essa é uma forma de repassar ao consumidor o aumento no custo de produção de energia. A elevação na conta é de R$ 5 a cada 100 kW/h consumidos, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso acontece por que o nível dos reservatórios de água das hidrelétricas estão com volumes muito baixos.

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