Economia

Para ministro, economia criativa pode tirar jovens do crime organizado

Sérgio Sá Leitão ressaltou que a cultura deve receber mais atenção por conta de seu grande potencial

postado em 10/08/2018 21:02
Leitão relembrou que o setor cultural não faz a substituição da mão de obra pela robotização
O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse hoje (10/8) que a economia criativa é uma forma de evitar que os jovens sejam aliciados por organizações criminosas. Para o ministro, a cultura deve receber mais atenção a partir do potencial de circulação de recursos e criação de empregos.

[SAIBAMAIS];Daí a necessidade ainda maior de, a partir do Poder Público, promovermos ações e programas visando o desenvolvimento desse campo, dessas atividades. Porque assim, estaremos criando mais empregos voltados para esses jovens, disputando esses jovens com o crime organizado, com chances de vencer essa disputa. E certamente com isso, nós diminuiremos as estatísticas de desemprego e de homicídios entre jovens;, destacou ao participar do evento Futuro na Cultura, promovido pela Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo.

O ministro mencionou que o desemprego entre os jovens no início da idade ativa chega a 21,8% no país. Enquanto o número de mortes violentas na faixa entre 18 a 24 anos chega a 33 mil por ano, mais do que a metade do total de cerca de 63,8 mil relativo a população em geral.

Leitão ressaltou que, ao contrário de outros segmentos econômicos, o setor cultural não faz a substituição da mão de obra pela robotização, mantendo uma grande capacidade de gerar postos de trabalho. ;O ativo principal é a capacidade de criação. São atividades que jamais prescindirão de pessoas. E são empregos que são muito atraentes para os jovens, principalmente para os que já estão inseridos na convergência digital;, acrescentou.

Investimento no Rio de Janeiro

O ministro disse que os ministérios da Cultura e da Segurança Pública farão uma parceria no Rio de Janeiro para oferecer 8,7 mil vagas em cursos profissionalizantes para 50 atividades. Segundo ele, as capacitações terão carga entre 200 e 300 horas, com um investimento total de R$ 22 milhões.

A aposta na cultura é um caminho, na opinião do ministro, para o Brasil atualizar a matriz produtiva. ;Mais do que o potencial, é uma necessidade. O Brasil é um país que ainda tem uma matriz econômica do século 20. Uma matriz industrial. Uma matriz econômica muito baseada em commodities, com baixa agregação de valor naquilo que nós fazemos;, analisou.

Na avaliação de Leitão, o país tem condições de se tornar um dos atores mais importantes no segmento no mercado global. ;Está diante de nós, no Brasil, o desafio de nos tornamos no século 21 uma das grandes potências culturais e criativas no mundo. Nós temos todas as condições para isso;, enfatizou.

Como exemplo do potencial de retorno da economia criativa, o ministro lembrou os resultados da a 16; Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Segundo estudo encomendado pelo Ministério da Cultura à Fundação Getulio Vargas, o evento movimentou R$ 47 milhões, além de R$ 4,7 milhões em receitas tributárias. Para a realização da festa, foram investidos R$ 3 milhões de recursos públicos e R$ 500 mil pelos organizadores privados.

A metodologia considera o efeito dos gastos pelos frequentadores da Flip na economia local, como despesas com hospedagem, restaurantes, bares e transporte, que se expandem para outros setores da economia, já que os prestadores desses serviços precisam adquirir matérias-primas e outros serviços com seus fornecedores.

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