Andressa Paulino*, Bruno Santa Rita*
postado em 26/08/2018 08:00
A renda elevada de Brasília tem atraído o interesse de corretoras de investimento na clientela local. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita foi de R$ 73.971,05 em 2015, o dado mais recente disponível, o maior do país. Com a Selic em 6,5% ao ano, as possibilidades de ganhos com ações se tornam ainda melhores.
Além do grande potencial para aplicações financeiras, o investidor brasiliense tem um perfil sofisticado, segundo especialistas, devido à forte presença do funcionalismo público, que, embora não seja a maioria da população, é responsável por 55% da massa salarial do DF.
É cada vez maior o número de corretoras no Planalto Central, o que amplia a facilidade para quem quer investir em renda variável, graças à possibilidade de aconselhamento presencial. Mas é importante lembrar que a renda variável, se pode proporcionar ganhos maiores do que os juros, inclui riscos mais elevados. E, para avaliá-los, ninguém deve depender apenas das informações fornecidas por uma instituição. Além disso, é preciso ter sempre em mente que é possível se tornar cliente on-line de uma insitituição que não está aqui, o que amplia as alternativas disponíveis.
Uma das instituições que enxergaram o potencial de Brasília foi a XP Investimentos, que, no ano passado, decidiu abrir um escritório na cidade. De acordo com o agente de investimentos da empresa, Daniel Cambraia, o fluxo de renda torna o DF um excelente mercado para a captação de clientes. ;Em Brasília, as pessoas têm uma capacidade de investimento muito alta. No DF, gerenciamos aplicações de R$ 300 mil até R$ 10 milhões;, afirma.
Segundo o diretor operacional da sul-coreana Mirae, Pablo Spyer, o mercado para corretoras de investimentos em Brasília é muito forte. Os cerca de 204 mil servidores públicos do DF atraíram a Mirae, que deslocou uma equipe capacitada para a capital. O objetivo da empresa é captar R$ 500 milhões nos primeiros seis meses de estadia no DF.
Performance
;Brasília cresceu muito na última década;, observa Spyer. Segundo ele, a queda dos juros, aliada à sofisticação do investidor candango, fez com que os fundos tradicionais e a poupança não sejam mais a principal opção de aplicações. ;Em Brasília, o investidor ficou muito mais exigente. Ele busca a melhor performance, a maior rentabilidade;, explica. Além disso, acrescenta, por estarem inseridos em grande parte na administração pública, os investidores da capital mostram bom conhecimento de temas financeiros.
Na avaliação do economista Demetrius Lucindo, a região também pode trazer clientes diversificados para as corretoras. ;O investidor do Distrito Federal pode ter diversos perfis, desde o funcionário público, que busca alternativas para aplicar seus recursos, até empresários que buscam rentabilizar as finanças;, explica.
Segundo Spyer, os moradores da capital já entenderam que podem correr mais riscos e investir em produtos com retorno a longo prazo, mas com rentabilidade alta. ;O brasiliense não aceita mais rentabilidade ruim. Ele quer aplicações que rendam mais, mesmo que não tenham muita liquidez. Ele está mais sofisticado, passou a prestar mais atenção em seus investimentos, mas tem carência de assessoria profissional. Queremos suprir essa carência;, afirma.
Há cerca de quatro anos, o engenheiro civil aposentado Everardo Prado, 62, decidiu diversificar as aplicações, depois de passar muito tempo em investimentos classificados como conservadores, como fundos de renda fixa, e buscou a renda variável. ;Passei para o risco;, diz.
Desde então, Everardo começou a investir na bolsa ; um mercado que, ressaltam os especialistas, deve ser explorado com aconselhamento profissional. Prado afirma que uma grande influência para iniciar os investimentos de renda variável foi a observação de amigos próximos que começaram com essa empreitada. ;Tenho vários amigos de Brasília engajados no mercado de ações;, afirma.
* Estagiários sob supervisãode Odail Figueiredo