Agência Estado
postado em 28/08/2018 10:05
O dólar abriu em baixa nesta terça-feira, 28, mas já se ajusta em alta frente o real. O sócio-diretor da Assessoria Via Brasil Durval Correa diz que o investidor local olha os sinais mistos do dólar ante divisas emergentes no exterior, mas pode estar sendo precificado também o déficit nas transações correntes do Brasil em julho, após quatro meses de superávits.
Segundo o Banco Central, o Brasil registrou déficit de US$ 4,43 bilhões no mês passado em suas relações com o exterior. Foi o pior resultado para um mês de julho desde 2015, quando houve déficit de US$ 5,69 bilhões. Com o resultado de julho, o déficit em transações correntes acumulado no ano atingiu US$ 8 bilhões.
Esse rombo na conta corrente reflete as transações do Brasil com outros países nas áreas comercial, de serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (pagamento de juros, remessas de lucros e transferências). De acordo com o BC, boa parte do déficit de julho se deve ao registro de importações de plataformas de petróleo no mês passado, que teve efeito líquido de US$ 2 bilhões no resultado.
Para Ricardo Gomes da Silva, diretor da Correparti, o mercado está cauteloso porque tem lote grande de linha vencendo no inicio de setembro (cerca de US$ 2,5 bilhões), que o BC ainda não sinalizou para renovação. Nesta terça, segundo ele, tem julgamento do deputado Jair Bolsonaro na Primeira Turma do STF, podendo torná-lo réu pela segunda vez. Está no radar também, segundo Silva, a denúncia pelo MP de São Paulo contra o ex-prefeito Fernando Haddad (PT). Bolsonaro dará entrevista ao Jornal Nacional e são muitas incertezas no foco, e o refúgio do investidor é no dólar, afirma. O diretor lembra ainda que estão em curso também as rolagens de contratos cambiais futuros, que também afetam a precificação, embora a maior influência seja esperada para sexta-feira. A retomada da alta interrompe, por enquanto, duas sessões de perdas ante o real.
Às 9h42, o dólar à vista subia 0,43%, a R$ 4,0989. O dólar futuro de setembro estava em alta de 0,43%, a R$ 4,1005.