Bruno Santa Rita*
postado em 05/09/2018 06:00
Com o dólar cada vez mais valorizado, os preços da gasolina não param de subir. Pesquisa feita regularmente pelo Correio no Distrito Federal constatou que, de segunda para terça-feira, o litro do combustível passou de R$ 4,39 para R$ 4,45 em um dos postos da EPTG, onde os valores costumam ser mais baixos do que a média. E o consumidor pode preparar o bolso para novas altas. Ainda ontem, a Petrobras anunciou que, a partir desta quarta-feira, o litro do combustível nas refinarias aumentará de R$ 2,1704 para R$ 2,2069, uma correção de 1,68%. É o maior patamar desde julho de 2017, quando a estatal começou a reajustar os valores diariamente. Desde fevereiro, a gasolina já subiu 45,7% nas refinarias
No levantamento do Correio, que abrange 30 estabelecimentos do DF, o preço mais alto da gasolina foi de R$ 4,98, na Asa Norte. Na maior parte dos postos, o litro do produto era vendido ao redor de R$ 4,70. O preço mais baixo do Plano Piloto foi de R$ 4,55, na Asa Sul.
Inflação
Segundo o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, a tendência é de que a gasolina continue a subir, uma vez que não há previsão de queda do dólar ; a cotação da moeda e os preços internacionais do petróleo são os dois principais componentes da matriz de preços seguida pela Petrobras. Ontem, a divisa chegou a ser negociada a R$ 4,19, mas terminou o dia em R$ 4,15, a mesma cotação do dia anterior. ;A variação do dólar vai continuar contaminando o preço da nossa gasolina;, disse Bentes. Um dos reflexos disso, segundo ele, será uma inflação mais alta nos próximos meses.
Bentes lembrou que vários fatores pressionam o preço do dólar: no cenário internacional, a instabilidade das economias emergentes provocada, entre outros fatores, pela alta de juros nos Estados Unidos, e, internamente, a incerteza sobre as eleições presidenciais. ;A tendência é de que a divisa continue se valorizando. E a gasolina tende a acompanhar esse movimento;, disse.
O pintor de obras Francisco de Assis, 39 anos, está preocupado com a situação. Com a gasolina cada vez mais cara, ele cogita utilizar mais o transporte público. ;A gente vai ter que andar mais a pé ou de ônibus;, disse. O pintor afirma que sempre busca economizar. ;Sempre verifico o preço. Se está mais em conta do que nos postos perto de casa, eu abasteço;, explicou.
A empresária Rebeca Furtado, 36, foi ontem do Lago Sul até a EPTG na esperança de encontrar gasolina a R$ 4,39. Porém, ao chegar lá, o custo tinha aumentado. ;Eu vim atrás do preço mais baixo. Mas o litro já está em R$ 4,55;, reclamou. Rebeca trabalha com compra e venda de produtos e diz que precisa se deslocar constantemente. ;O preço sobe e eu não posso fazer nada. Preciso do carro para trabalhar;, queixou-se.
* Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo