Economia

Confiança do consumidor cai e atinge patamares da greve dos caminhoneiros

Pesquisa da FGV mostra que os próximos meses devem passar por mais dificuldades na confiança do consumidor brasileiro

Bruno Santa Rita*
postado em 26/09/2018 18:40
O resultado atingiu o menor nível em um ano
A confiança do consumidor diminui no compasso que as incertezas quanto a política e a economia do país aumentam. Segundo a Sondagem de Expectativas do Consumidor, da Fundação Getúlio Vargas, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 1,7 ponto em setembro, ao passar de 83,8 pontos para 82,1. O resultado atingiu o menor nível em um ano e também é comparável ao nível de junho, quando a confiança foi abalada pela greve dos caminhoneiros que ocorreu em maio.

As expectativas para os próximos meses também tiveram queda na avaliação da pesquisa. O Índice de Expectativas (IE) recuou 3,3 pontos, ao passar de 93,0 para 89,7 pontos. Esse foi o menor nível atingido desde fevereiro de 2017, quando os pontos eram iguais a 89,0. Assim como a expectativa, o grau que mede a insatisfação do brasileiro com a economia também caiu atingindo 1,1 ponto em setembro, com 77,5 pontos (mesmo nível de junho). O indicador que mede o otimismo com a evolução da economia recuou 3,4 pontos, em agosto. Esse é o menor índice desde maio de 2016.

Segundo o professor de economia da Universidade de Brasília Newton Marques, A situação é complicada devido à falta de credibilidade do próprio governo Temer. ;É um dos piores governos com relação a pesquisas de opinião pública. A impressão que dá é que o consumidor está completamente pessimista com o futuro do país;, explicou. Marques também explica que não há promessa de progressão para a economia, como mostra a pesquisa.

;A partir do momento que se tem desconfiança, o consumidor não vai querer consumir, assumir compromissos. A economia vive de consumo. Isso trava tudo;, afirmou. Segundo o professor, a situação impede que haja um ciclo virtuoso para a economia. ;O consumidor não compra, o comerciante não vende, o produtor não recebe demanda para produzir. Não há ciclo virtuoso para crescimento;, lamentou.

Incerteza política

Para o professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli, a desconfiança do brasileiro é ;perfeitamente compatível com o quadro atual da economia brasileira e com a situação política;. Segundo ele, A incerteza de quem vai chefiar o executivo nos próximos quatro anos desincentiva qualquer tipo de investimento. Tanto dos consumidores, como dos empresários. ;Mesmo sabendo quem vai ser eleito, não dá para saber qual será o quadro econômico do governo, quais as prioridades;, lembrou.

Piscitelli também chamou atenção para o Congresso Nacional. Segundo ele, o Presidente da República, qualquer que seja eleito, precisará ser ágil para lidar com as coligações e interesses do poder legislativo. ;Como vai se comportar o Congresso? Que tipo de composição será dominante na casa? Que tipo de acordo será estabelecido entre o executivo e o legislativo? Isso tudo vai influenciar no direcionamento econômico do próximo governo;, explicou o professor.

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