Agência Estado
postado em 27/09/2018 17:41
Os juros futuros terminaram a sessão regular desta quinta-feira, 27, em queda consistente nos principais vencimentos, com destaque para os longos. O movimento teve por base a melhora da percepção de risco do cenário eleitoral, especialmente do investidor estrangeiro, embora não tenha havido divulgação de pesquisas de intenção de votos nesta quinta-feira ou mesmo noticiário de maior impacto sobre as eleições. Os contratos curtos também tiveram queda nas taxas. Ainda que o Relatório de Inflação tenha reiterado os riscos de alta para Selic no curto prazo, o conteúdo veio relativamente dentro do esperado, o que não justificaria adição de prêmios extras em função da política monetária.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 encerrou em 8,27%, de 8,366% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 caiu de 9,556% para 9,46%. A taxa do contrato de DI para janeiro de 2023 encerrou em 10,96%, de 11,064% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 recuou de 11,723% para 11,61%.
O trader de renda fixa da Quantitas Asset Matheus Gallina destaca, no pano de fundo eleitoral, dois fatores para explicar o alívio nos ativos domésticos nos últimos dias. Um deles é que o quadro está mais claro para o segundo turno, a ser disputado possivelmente entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). "Isso coloca na mesa apenas dois cenários, ao invés dos vários que tínhamos semanas antes, reduzindo de certa forma as incertezas", disse. O outro fator é o discurso mais moderado dos dois presidenciáveis. "Temos ambos sugerindo uma migração para o centro e, sobretudo, o discurso mais paz e amor de Haddad está sendo mais facilmente comprado pelos estrangeiros", afirmou. Jair Bolsonaro segue internado no hospital Albert Einstein.
Em Londres, durante o Credit and Equities Emerging Markets Conference, realizado entre terça-feira e hoje, pelo JP Morgan, a eleição brasileira era tema de conversas entre investidores. Para um participante, qualquer que seja o resultado, não será "o fim do mundo" para o Brasil. "O País já passou por crises antes. Independentemente disso, o mercado vai se acomodar, porque o que o mercado está sentindo agora é a incerteza", disse, em relação à forte oscilação dos preços e, principalmente, da alta do dólar em relação ao real nos últimos meses.
Dado o risco da pressão cambial influenciar os preços e as expectativas de inflação, a queda do dólar hoje para baixo de R$ 4 também deu contribuição importante para o recuo das taxas futuras. O dólar à vista fechou em queda de 0,92%, aos R$ 3,9973.