Economia

CVC aposta na renovação para turbinar sua operação digital

Empenhado em estimular sua operação digital, empresa de turismo apresenta novo conselho com participação de executivos experientes nas plataformas eletrônicas e no setor financeiro

Pedro Arbex
postado em 02/10/2018 06:00
Iniciativa da CVC surge em busca de aumento dos negócios, na briga com os concorrentes Decolar e Hotel Urbano

São Paulo ;
Lutando para turbinar sua operação digital, a CVC está nomeando para seu conselho três executivos com forte experiência na área: Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank; Eduardo Pontes, cofundador da Stone Pagamentos; e Deli Koki Matsuo, um veterano de RH que já trabalhou no Google. O grupo deve ser confirmado pelos acionistas na assembleia geral extraordinária marcada para o início de novembro.

Se eleito, o novo board da CVC terá quatro de seus sete membros com alguma expertise no segmento on-line: além dos três novos integrantes, o board já conta com Luiz Otávio Furtado, que foi por anos diretor de comércio eletrônico do Grupo Pão de Açúcar (GPA) e CEO da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Cristina Junqueira talvez seja o nome mais conhecido. Antes de ajudar a fundar o Nubank há quatro anos, a executiva de 34 anos trabalhou no Itaú, no Unibanco e na área financeira do Magazine Luiza.

Além de seu conhecimento na área financeira, sua maior contribuição para a CVC deve ser a expertise no relacionamento de uma marca com o público millennial, aquela geração que nasceu nos anos 1980 e que tem modificado os seus hábitos de consumo (ela está à frente da área de marketing e operações do Nubank desde a fundação).

Matsuo foi diretor de RH do Google de 2006 até 2011, tendo liderado a área na América Latina, no Japão e, por último, no Vale do Silício. Depois, passou pela RBS, onde ficou até 2014. Naquele ano, fundou a Appus, uma startup que usa o sistema big data para desenvolver soluções dirigidas a empresas que buscam entender melhor seus funcionários.

A experiência de Matsuo deve ajudar a CVC a identificar e atrair talentos do mundo digital. Ele mora em Boston, onde lidera a área de RH da Celtra, uma plataforma americana de publicidade digital. Eduardo Pontes é um dos fundadores da Stone e vai imprimir sua experiência em pagamentos digitais. Recentemente, ele deixou o cargo de CEO para se tornar o vice- chairman da Stone, que está preparando seu IPO (oferta inicial de ações, na tradução para o português).

O movimento da CVC surge num momento em que a empresa está buscando aumentar suas vendas on-line e enfrentar concorrentes, como Decolar e Hotel Urbano, agora renomeado Hurb. No segmento B2C ; que define aquelas transações entre as empresas e os seus consumidores finais ;, cerca de 15% dos bookings da CVC são feitos pela internet. Em seu balanço relativo ao último trimestre publicado, a receita com as vendas digitais cresceu mais de 36%, frente a expansão de 4,5% nas vendas das lojas físicas.

A investida da CVC no mundo digital começou em 2015 com a compra da Submarino Viagens. A empresa passou os últimos anos tentando estimular e valorizar o ativo, e só ganhou tração recentemente. A conversão de vendas (fatia dos usuários que entram no site e que, de fato, realizam alguma compra) cresceu 45% no segundo trimestre, na comparação anual; e o mix de vendas on-line ; que no ano passado era de 92% de passagens aéreas e apenas 8% de pacotes e reservas em hotéis ; passou para 78% e 22%, respectivamente. Na venda de pacotes, a empresa consegue margem maior.

Estão deixando o board da CVC os conselheiros Marilia Rocca, Eduardo Garcia e Pedro Janot, além de Guilherme Paulus, o fundador da companhia, afastado do cargo desde março, após ser alvo de investigações da Polícia Federal. Em janeiro de 2019, o CEO Luiz Eduardo Falco deixará o cargo de CEO, quando será substituído pelo atual CFO, Luiz Fernando Fogaça. Silvio Genesini, hoje vice-chairman da CVC, presidirá o conselho até o fim do ano (na ausência de Paulus) e voltará a ser vice- chairman em janeiro, quando Falco assumirá a presidência do conselho.


  • Quanto cresceram

    36%
    Foi o avanço das vendas digitais da CVC, de acordo com balanço do último trimestre

    4,5%
    Foi o aumento dos negócios das lojas físicas da CVC, com base no balanço do último trimestre

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