O CEO da BRF, Pedro Parente, afirmou nesta terça-feira, 2, que o cenário político indefinido no País torna impossível fazer qualquer previsão sobre a economia brasileira para 2019. Para ele, o retorno ao crescimento econômico sustentado depende de questão fundamental que é confiança. "Sem confiança é muito difícil a gente voltar a investir", disse o executivo durante palestra em evento da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto (SP).
De acordo com Parente, o problema fiscal brasileiro tem natureza estrutural, há a necessidade de reformas, principalmente da Previdência e, se nada for feito, existem três saídas: aumento de impostos, crescimento do alta no endividamento público ou mais inflação. "Com aumento de impostos não vamos ver um ambiente mais propício à realização de negócios no Brasil e qualquer dessas três hipóteses é muito ruim para o País", exemplificou.
O CEO da BRF lembrou que o sistema previdenciário brasileiro não gera autofinanciamento, funciona por "partição simples" e, com o fim do chamado "bônus demográfico", é necessária a reforma. No entanto, para o executivo, o caminho no Congresso Nacional para a aprovação dessa reforma é difícil. "Quem no Congresso Nacional pensa no interesse coletivo e no País todo? É difícil de achar. Eles se organizam em lobby e, sem juízo de valor, são bem organizados", afirmou.
De acordo com Parente, o nível de investimento atual no Brasil, entre 15% e 16% do Produto Interno Bruto (PIB), permite crescimento anual da economia de apenas 1% ao ano. "Se problemas não forem enfrentados de maneira correta, não há confiança no futuro, não há investimento", afirmou.
Missão do eleito
O CEO da BRF avaliou que o novo ou a nova presidente da República terá de patrocinar a mais profunda agenda econômica dos últimos trinta anos. Além disso, segundo o executivo, o eleito, ou eleita, terá de conciliar, simultaneamente, ajuste e crescimento econômicos.
"Como conciliar isso, vai depender de como o novo líder vai se comunicar com a sociedade", disse Parente.
Para o executivo, serão necessárias reformas como a da Previdência e a tributária, com redução de impostos para o setor produtivo, e caberá ao novo ou nova presidente buscar consenso para a aprovação dessas propostas no Congresso. "Não há consenso na maneira de fazer a reforma da Previdência e, sem consenso, não sei se será possível fazer quatro votações no Congresso, com maioria de três quintos para a aprovação", afirmou.
De acordo com Parente, o líder eleito "terá de deixar para trás radicalismo e sectarismo", pois, "sem convergência, não seremos capazes de fazer as reformas que precisamos". O executivo criticou também a fragmentação política no País. "O número de partidos atrapalha um governo orgânico, com uma visão integrada de conjunto e planejamento", concluiu.