Economia

Euforia eleitoral faz bolsa de valores subir e o dólar fechar a R$ 3,89

Bolsa de Valores de São Paulo avança 2,03%, ainda refletindo o crescimento de Jair Bolsonaro, do PSL, nas pesquisas. Moeda norte-americana recua para o nível mais baixo desde 14 de agosto. Alta de juros nos Estados Unidos, porém, pode segurar tendência

Bruno Santa Rita*
postado em 04/10/2018 06:00
Ilustração de dinheiro

A aposta na vitória do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, na corrida à presidência, garantiu mais um dia de alta firme, ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Principal indicador do comportamento do pregão, o Ibovespa fechou em alta de 2,04%, aos 83.273 pontos, o maior patamar desde 17 de maio, numa sessão marcada também pelo elevado giro financeiro. O volume de negócios alcançou R$ 18,8 bilhões, o maior valor do ano.

Somente nos dois últimos pregões, a Bolsa subiu quase 6%. A confiança na vitória da chapa de direita também provocou desvalorização do dólar, que terminou o dia cotado a R$ 3,89 para venda, com queda de 1,09%, o menor valor registrado desde 14 de agosto. ;Mesmo com as pesquisas mostrando um pouco de dúvida, em um primeiro momento, e se definindo mais agora, nas vésperas da eleição, há uma confiança na vitória do Bolsonaro;, disse economista da Bluematrix Renan Silva.

O candidato do PSL é o preferido do mercado por ter uma agenda econômica de cunho liberal mais comprometida com as reformas ; o que contrasta com o projeto intervencionista do PT, defendido pelo candidato Fernando Haddad, que está em segundo lugar nas pesquisas. Não por acaso, a alta do Ibovespa foi puxada por ações que exprimem a percepção de risco político no mercado, como as de empresas estatais e de instituições financeiras, que estariam mais vulneráveis a ingerências políticas num governo petista.

Entre as ações que compõem o Ibovespa, a maior alta, ontem, foi a das ordinárias do Banco do Brasil, que subiram 9,07%. Eletrobras PNB (%2b8,64%) e Eletrobras ON ( 6,53%) também tiveram ganhos expressivos. Os papéis da Petrobras, embora de modo mais tímido, também avançaram: 2,60% nas ON e 4,25% nas PN. As ações preferenciais do Itaú Unibanco tiveram elevação de 4,53%.

Renan Silva, da Bluematrix, observou que a pesquisa Datafolha divulgada na terça-feira, que mostrou Bolsonaro com 32% das intenções de voto e Haddad, com 21%, foi um marco para a definição do mercado. Parte dos analistas considera inclusive a possibilidade de vitória do candidato do PSL ainda no primeiro turno. Silva também afirmou que é preciso considerar que ações das empresas brasileiras estavam desvalorizadas. ;Se os preços estivessem muito elevados, talvez não tivesse essa alta toda. Com o adiamento da reforma previdenciária e outros problemas na economia, os preços ficaram reprimidos;, analisou.

O movimento do pregão de ontem mostrou, porém, que a bolsa continua sensível a fatores que agem para que ela perca força. Na primeira parte do pregão, o Ibovespa chegou a alcançar 85 mil pontos, mas cedeu no período da tarde diante de informações de que o vigoroso crescimento da economia norte-americana pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) a elevar os juros de forma mais rápida do que sinalizado inicialmente ; movimento que tenderia a retirar recursos aplicados em países emergentes.

Num sinal de que o mercado já trabalha com essa tendência, o rendimento dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos de 10 anos (T-10) alcançou ontem 3,18% ao ano, o maior nível de fechamento desde 2011. ;Isso vai machucar o Brasil com reflexo maior do que qualquer pesquisa eleitoral;, alertou o diretor da Corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.

;É claro que nós sabemos que a bolsa não tem movimento linear;, disse Renan Silva, da Bluematrix. ;É natural que amanhã a gente veja um esfriamento da bolsa. A tendência continua de alta, mas devemos nos deparar com oscilações mais brandas;, argumentou. No caso do dólar, Sidnei Nehme, diretor da NGO Corretora, avalia que o movimento especulativo visto nas últimas semanas diminuiu. ;Agora, a tendência é de a moeda ir para R$ 3,80;, projetou.

* Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo

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