Bruno Santa Rita*
postado em 09/10/2018 20:34
A crise na Venezuela atingiu patamares ainda mais alarmantes. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta a inflação do país vizinho para 2019 em 10.000.000%. No ano passado, os preços subiram 1.000% e, para este ano, o FMI especula que a hiperinflação possa chegar a 1.350.000%. A crise petroleira ; que atinge o coração da economia venezuelana ; somada ao regime ditatorial são os principais fatores para o problema. A Organização das Nações Unidas (ONU) calculou que cerca de 1,9 milhão de pessoas deixaram a Venezuela para países vizinhos desde 2015.
A economia da Venezuela retraiu 14% em 2017 e, para 2018, o número deve chegar a 18%. O FMI ainda projetou que o Produto Interno Bruto (PIB) per Capita, no período entre 2013 e 2023, deve cair 60% para os venezuelanos. O professor de direito e relações internacionais do Centro Universitário de Brasília (CEUB) Danilo Porfírio explicou que isso significa uma drástica desvalorização para a moeda venezuelana. "É como na Alemanha pós-guerra: valia mais a pena acender fogueira com o papel moeda do que com lenha. A Venezuela está no mesmo caminho", comparou.
O ex-secretário de comércio exterior Welber Barral, da consultoria Barral M. Jorge, explicou que os prejuízos podem ser enormes. "É um caso de hiperinflação. Nessas situações, o país perde toda a confiabilidade no valor da moeda", disse. Segundo Barral, não há motivos para acreditar em uma recuperação a médio prazo. "Para voltar ao normal vai levar tempo e terá alto custo social", lamentou.
De acordo com o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas Mauro Rochlin, para o Brasil, o principal impacto será na perda da exportações. Antes, a Venezuela era um importante parceiro comercial para o Brasil. "Eles não tem mais dólares para comercializar conosco ou com outros países", comentou.
Sobre a evasão de Venezuelanos para o Brasil, com um possível presidente abertamente contra a imigração desses estrangeiros, Porfírio lembrou que é costume do Brasil ser acolhedor com os estrangeiros. "O Brasil assinou tratados internacionais com esse valor", argumentou.
* Estagiário sob supervisão de Roberto Fonseca
* Estagiário sob supervisão de Roberto Fonseca