Economia

Após fala de Bolsonaro sobre Previdência, dólar volta a subir e Bolsa cai

O candidato do PSL disse, nessa terça-feira (9/10), que a reforma da Previdência será tratada 'vagarosamente'

Agência Estado
postado em 10/10/2018 12:00

Ibovespa

O Ibovespa abriu em queda e mostra alinhamento à depreciação do real ante o dólar e à alta das taxas dos juros futuros. O desempenho é um ajuste após a valorização recente dos ativos domésticos e também a uma postura mais cautelosa do investidor com as perspectivas para as reformas e a cena eleitoral. Os agentes econômicos aguardam pesquisa Datafolha, nesta quarta-feira (10/10) à noite, e também assimilam as declarações de terça de Jair Bolsonaro (PSL) e de Onyx Lorenzoni (DEM-RS), provável chefe da Casa Civil caso o presidenciável de direita vença as eleições.

"Depois dessas declarações sobre a reforma da Previdência, era de se esperar mesmo uma queda nos preços domésticos. É preciso ver o que os ;gringos; vão fazer a partir das 10h30 quando começam os negócios nas bolsas em Nova York", disse um operador do mercado de ações.

O candidato do PSL disse, nessa terça (9/10), que a reforma da Previdência será tratada "vagarosamente, embora depois tenha recuado dizendo que, se eleito, irá procurar a equipe de Michel Temer para fazer proposta sobre o tema "já para o corrente ano".

Uma das ideias seria reduzir a idade mínima de 65 para 61. Bolsonaro disse ainda à Band que tem resistências com a privatização da Eletrobras e que no setor de energia elétrica "a gente não vai mexer".

Em comentário, os economistas da CM Research Camila Abdelmalack e Alexandre Almeida afirmam que a entrevista de Bolsonaro, somada à "declaração de integrantes de sua bancada, resultam em algumas contradições". "Fica evidente que o discurso apresenta certo desalinhamento sobre as políticas a serem implementadas em seu governo", escreveram os analistas.

Às 10h48, o Ibovespa recuava 1,80% aos 84.536 pontos. Depois da abertura em baixa dos índices acionários em Nova York, o indicador marcou mínima em queda de 1,85% aos 84.494 pontos.

Dólar

O mercado local passa por ajustes que impulsionam o dólar, na manhã desta quarta-feira (10/10), após a moeda americana ter acumulado perdas de mais de 8% no mês e caído na terça (9/10) para R$ 3,7155, refletindo expectativas de investidores de vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da eleição presidencial e de andamento das reformas.

A cautela justifica-se nesta quarta, segundo operadores, pela expectativa por pesquisa Datafolha, que será divulgada à noite, e de uma definição pela equipe médica se Jair Bolsonaro terá alta para viajar pelo País e participar de debates.

Na quinta-feira (11/10), está marcado o primeiro debate da disputa presidencial no segundo turno, na Band TV. Além disso, os investidores também repercutem declarações do presidenciável Jair Bolsonaro sobre a reforma da Previdência e a privatização da Eletrobras.

Traz alguma inquietação ainda a investigação sobre Paulo Guedes, principal assessor do capitão reformado na área econômica, pelo Ministério Público Federal (MPF) em Brasília por supostas fraudes, de acordo com informações da Folha de S.Paulo. A suspeita é de se associar a executivos ligados ao PT e ao MDB para praticar fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais. Guedes foi procurado e não comentou.

De outro lado, o candidato a presidente Fernando Haddad (PT) desmentiu na terça que o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli será o responsável pelo seu programa econômico, como havia informado o jornal O Globo. Fontes disseram ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, nesta manhã, que o programa econômico de Haddad retoma a receita usada no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006) para a economia.

Será retomado o tripé formado por câmbio, juros e inflação como estratégia econômica, afirmaram essas fontes. A proposta é eventualmente aperfeiçoar o arcabouço institucional dessas políticas, a partir de experiências bem-sucedidas em outros países.

Os sinais mistos do dólar exterior em relação a seus pares principais e moedas emergentes nesta manhã pesam ainda para um enfraquecimento do dólar ante o real. No exterior, estão no radar o quadro pólítico-fiscal na Itália e o avanço dos juros dos Treasuries norte-americanos.

Às 9h25 desta quarta-feira, o dólar à vista estava em alta de 0,59%, a R$ 3,7375. O dólar futuro de novembro avançava a R$ 3,7430 (%2b0,56%).

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