Economia

Economia chinesa registra o menor crescimento trimestral desde 2009

O resultado acompanha um redesenho da conjuntura internacional econômica a partir de 2019, que engloba a tendência da continuidade da guerra comercial envolvendo Estados Unidos e China

Gabriel Ponte*, Hamilton Ferrari
postado em 20/10/2018 07:00
O resultado acompanha um redesenho da conjuntura internacional econômica a partir de 2019, que engloba a tendência da continuidade da guerra comercial envolvendo Estados Unidos e China
A China registrou, no terceiro trimestre de 2018, o menor crescimento trimestral desde 2009. O Produto Interno Bruto (PIB) chinês avançou 6,5% quando comparado ao mesmo período de 2017, sinalizando desaceleração em relação ao primeiro (6,8%) e ao segundo (6,7%) trimestres. Apesar de ser o pior desempenho em nove anos, a expansão ainda está ancorada na meta estabelecida pelo governo chinês. As informações foram divulgadas pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONE) do país asiático.

Em comparação com os três primeiros trimestres do ano passado, houve avanço de 6,7%. O resultado foi puxado pelos avanços dos setores primário: mineração, extrativismo e agricultura (%2b3,4%), secundário: indústria ( 5,8%) e terciário: serviços e comércio ( 6,5%). No entanto, as autoridades enxergam, com preocupação, a guerra comercial travada com os Estados Unidos, por meio da imposição, mútua, de tarifas entre os dois países.

O resultado acompanha um redesenho da conjuntura internacional econômica a partir de 2019, que engloba a tendência da continuidade da guerra comercial envolvendo Estados Unidos e China, um aumento de juros, nos Estados Unidos, pelo Fed (Banco Central dos EUA), além da fuga de capitais do mercado de emergentes.

Para César Bergo, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), o desaquecimento chinês, apesar de modesto, mostra que é necessário atenção ao cenário externo. ;A China acaba sendo o motor da economia internacional, sobretudo quando diz respeito aos emergentes. O país não é só exportador, mas também importa muita matéria prima. Em contrapartida, as nações emergentes são, geralmente, exportadores desses produtos. Dessa forma, havendo um arrefecimento da economia de Xi Jinping (presidente chinês), as exportações dos países emergentes são afetadas. É preciso ressaltar que a China tem adotado medidas para que as taxas de crescimento sejam mais constantes. A própria política chinesa é de comedimento;, afirmou.

De acordo com Mauro Rochlin, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Brasil deve ser atingido pelo avanço modesto da economia do país asiático. ;O menor crescimento gera impacto em dois aspectos. Primeiramente, em termos comerciais, relacionados à exportação, o Brasil perde com isso. A China é importadora de commodities. Se, por exemplo, há um crescimento menos vigoroso, há menos demanda. O segundo aspecto é que a China é a principal parceira comercial do Brasil, sendo, hoje, um dos grandes investidores do Brasil, por meio do investimento estrangeiro direto. Aplica recursos no setor produtivo, como em infraestrutura. Crescendo menos, o investimento tende a arrefecer;, explicou.

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