Simone Kafruni
postado em 23/10/2018 19:40
Após a rejeição pelo Senado do projeto de lei (PL) que resolvia pendências da distribuidora da Eletrobras Amazonas Energia, o leilão da concessionária foi adiado. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta terça-feira (23/10) que o certame marcado para 25 de outubro ficou para 27 de novembro.
Com a postergação, o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, disse que o novo prazo servirá para que a Eletrobras e a Petrobras cheguem a um acordo sobre a dívida da distribuidora referente ao uso de gás natural. ;O PL que não foi aprovado no Congresso permitia à Petrobras ser ressarcida pelo preço que achava justo e não pelo preço considerado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Sem o PL, não há mais essa garantia. A preocupação do governo é manter o serviço;, explicou.
O acordo é importante para aumentar o valor da Amazonas Energia e atrair interessados na sua privatização. Segundo o presidente da Thymos Energia, João Carlos Mello, a derrubada do PL foi uma ;bomba atômica; para o setor elétrico. ;Além da resolução da Amazonas, o projeto também abarcava a questão do GFS (sigla para risco hidrológico), que está judicializando o setor;, alertou.
Dívidas
Para Mello, no caso da Amazonas, o adiamento é essencial para que os proponentes possam fazer as contas de novo. ;As condições mudaram com a não aprovação do PL. A Amazonas tem muitas dívidas. Os investidores precisam recalcular se ainda há interesse;, explicou. Uma das dívidas é com a Petrobras porque a Amazonas opera num sistema que já foi isolado e, por isso, acumulou dívidas na CCC, uma conta para cobrir gastos com combustíveis para abastecer as termelétricas.
;A Eletrobras tem que tirar a Amazonas do portfólio. Dívida ali é o que não falta;, disse Mello. Porém, o adiamento do leilão resolve apenas parte do problema. ;A questão do GSF ainda está sem solução. Como é um problema estrutural, tem uma saída que não estava no PL que pode ser discutida para o futuro. Mas o PL abordava o passivo, que é o que está travando o setor elétrico com liminares. Sem resolver o passado, não há como avançar no futuro;, acrescentou.