Com um cenário doméstico sem notícias fortes, o câmbio respondeu nesta quinta-feira (25/10), sobretudo ao exterior. Após alta de 1% de ontem, o dólar fechou esta quinta-feira em queda de 0,88% frente ao real, cotado a R$ 3,7052.
Segundo operadores, a melhora do mercado externo nesta quinta provocou o desmonte de posições mais defensivas no câmbio.
Exportadores e algumas tesourarias entraram vendendo dólar desde os primeiros negócios, segundo um diretor de tesouraria.
Apesar da venda de dólares nesta quinta, este profissional ressalta que faltando apenas um pregão para a eleição, os investidores seguem cautelosos. Por esse motivo, quando o dólar caiu a R$ 3,6817, a mínima do dia, atraiu compradores e voltou ao patamar de R$ 3,70, nível que deve seguir nos negócios desta sexta-feira.
Movimento similar ao brasileiro foi visto nos demais emergentes: o dólar caía também frente às moedas de Argentina, México, Chile e Turquia no fim da tarde. No entanto, subia frente ao índice DXY, cesta de moedas fortes.
"A leitura do movimento lá fora ainda é muito nebulosa. Existe uma série de fatores afetando os mercados internacionais, desde a guerra comercial, passando pelos balanços das grandes empresas, até a situação fiscal da Itália e o Brexit, na Europa", aponta o operador da corretora Hcommcor, Cleber Alessie Machado.
Ele afirma que os mercados mundiais trabalharam nesta quinta também em um movimento de correção em relação à deterioração de quarta. Além disso, colaborou para a suavização do cenário externo a expectativa em relação aos balanços de grandes empresas.
"Houve uma redução da aversão ao risco, ao menos provisória, tendo em vista que ainda temos uma série de variáveis pendentes", completa o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior.
Internamente, apesar de a consolidação do nome de Jair Bolsonaro - "adotado" pelo mercado - na liderança da disputa para a Presidência da República contribuir para o bom humor interno, Machado pondera que não há noticiário forte o suficiente para refletir variações importantes nos preços. "A cena interna está de lado, o mercado acredita que já não há mais muita insegurança em relação às eleições", aponta.
O estrategistas do banco espanhol BBVA acreditam que o dólar deve terminar o ano na casa dos R$ 3,80. Para eles, o próximo presidente deve conseguir tocar um ajuste fiscal, mas não tão "profundo" quanto seria o necessário.
Com isso, o dólar deve ter dificuldade em cair abaixo do nível atual, especialmente quando se considera um cenário exterior que promete ser mais desafiador.
Após a rápida queda da moeda este mês, o banco avalia que o período pós-eleitoral pode ser marcado por maior volatilidade no câmbio, a medida que saiam mais detalhes da agenda do novo presidente e os nomes da equipe econômica, que podem agradar ou não os agentes.