Gabriel Ponte*
postado em 07/11/2018 09:16
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,45% no mês de outubro, representando queda de 0,03 ponto percentual (p.p) em comparação ao mês de setembro, quando teve alta de 0,48%. Apesar do leve recuo, o índice é o maior para o mês desde outubro de 2015, quando a taxa era de 0,82%. No acumulado do ano, o IPCA apresenta alta de 4,56%, estando acima do centro da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%. No último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, 07, que engloba as expectativas de acionistas do mercado financeiro, a expectativa é de que a inflação encerre 2018 a 4,4%, abaixo do centro da meta.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os preços dos alimentos corroboraram para a elevação dos preços, acelerando de 0,10%, em setembro, para 0,59% em outubro. Segundo o IBGE, o custos do tomate (51,27%), do frango inteiro (1,95%) e das carnes (0,57%), puxaram o grupo para cima.
Outro grupo que elevou o índice foi o de transportes, apesar de ter desacelerado de 1,69% para 0,92% entre setembro e outubro, mas contribuindo para a alta do IPCA. Os combustíveis foram o destaque, com 2,44% de variação e 0,14 p.p. de impacto ; o que equivale a, aproximadamente, um terço do IPCA. A alta do etanol (4,07%), o óleo diesel (2,45%) e a gasolina (2,18%) também tiveram efeito. Ainda nos transportes, as passagens aéreas tiveram alta de 7,49%, desaceleração frente aos 16,81%, de setembro. Segundo o IBGE, os dois grupos corresponderam a 70% da composição do IPCA de outubro.
De acordo com Flávio Serrano, economista da Haitong, apesar dos dados serem elevados para os padrões recentes, o resultado surpreendeu. ;Foi uma surpresa positiva. Economistas esperavam uma taxa maior. Historicamente, sabemos que os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro contribuem, sazonalmente, para a pressão do grupo de alimentos;, detalhou.
Na visão de Luis Otávio de Souza Leal, economista chefe do Banco ABC Brasil, o grupo de transportes sofreu com a recente pressão cambial diante da incerteza eleitoral que o país vivenciou. ;Basicamente, o aumento da gasolina teve impacto, também, no do etanol, com o aumento do dólar norte-americano, que chegou a níveis bem altos em agosto e em setembro (a moeda atingiu o maior valor nominal desde a criação do Plano Real em 13/9: R$ 4,19). Outubro também foi puxado por uma pressão dos preços das passagens aéreas. Agora, a tendência, como estamos vendo, é de uma queda forte do preço da gasolina nas refinarias. Ou seja, a tendência, ao longo de novembro, é de que esses preços serão negativos, provavelmente tendo uma taxa perto de 0%;, explicou.
Para Sílvio Campos Neto, analista da Tendências Consultoria, a inflação comporta-se de maneira tranquila, permitindo que o Banco Central mantenha o juros básicos da economia no menor nível histórico no curto prazo. ;Olhando para o cenário econômico, é uma situação de recuperação, ainda que lenta. O nível de ociosidade na economia continua perceptível e, assim, esse panorama sugere uma perspectiva mais provável de manutenção dos juros;, disse.
Segundo Campos, a mudança da bandeira tarifária da energia elétrica e a reversão de pressões sugerem que o IPCA tenha variações menores em novembro. ;A oscilação, em novembro, deve ser bastante reduzida. Há também uma alta limitada do preço de serviços, inferior ao padrão de anos pré-crise. Ou seja, não há demandas, o que dá essa tranquilidade ao BC;, observou. A inflação acumula, desde janeiro deste ano, alta de 3,81%, nível bastante superior ao mesmo período de 2017: %2b2,21%.
*Estagiário sob supervisão de Anderson Costolli