Economia

Bolsa fica abaixo dos 85 mil pontos e dólar acima dos R$ 3,80

Em dia com cenário externo agitado, ações da Petrobras se desvalorizam com queda da cotação do petróleo após fala de Trump. No Brasil, consenso de que a reforma da Previdência ficará para 2019 afeta cotação do câmbio

Gabriel Ponte*
postado em 13/11/2018 19:56
Barco feito com nota de R$ 1 navega em mar de cédulas de dólar sob céu nublado e com trovões
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) teve um início de semana indigesto, com cenário internacional desfavorável e cautela com governo de transição. O Ibovespa, índice que mensura a lucratividade dos negócios no pregão paulista, teve depreciação de 0,71%, atingindo 84.914 pontos. Os negócios no mercado doméstico estiveram atrelados à Wall Street. Já o dólar encerrou a terça-feira (13/11) em alta de 1,97%, sendo negociado a R$ 3,830 a venda, atingindo o maior valor de fechamento desde 5 de outubro (R$ 3,857).

Hoje, o barril do petróleo teve forte desvalorização no mercado internacional, após Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, criticar a Arábia Saudita e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), afirmando esperar que ambos continuem a produzir petróleo e que não cortem a produção para sustentar o mercado, por meio do seu perfil no Twitter. Como consequência, as ações preferenciais da Petrobras depreciaram-se 4,30% nos negócios locais, enquanto que as ordinárias, 4,61%, afundando o Ibovespa.

De acordo com Renan Silva, economista da BlueMetrix Ativos, o dia foi marcado pela queda das ações da petroleira. "Falando em termos de bolsa, chegamos a um ápice de 89 mil pontos e, naturalmente, os investidores estão sensíveis ao risco, optando por garantir o lucro (realizar) e diminuir a exposição. Adicionalmente a isso, a Petrobras influenciou o pregão e o barril do brent caiu 4,86%. Isso afeta os ativos da estatal, além do mercado sentir a necessidade de ajustar os preços das ações", analisou.

Segundo Silva, além da depreciação dos ativos da estatal, que foi repercutida pela fala de Trump, o investidor também está de olho na votação da cessão onerosa da Petrobras, que deve ir a plenário em 20 de novembro. O projeto prevê autorizar a Petrobras a vender o seu direito de exploração do pré-sal.

Já o dólar teve hoje forte valorização frente ao Real. A moeda estrangeira encerrou o dia negociada a R$ 3,83 a venda, com valorização de 1,97%. Para Fernanda Consorte, estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, o movimento da divisa foi exagerado. "Foi um dia bem atípico. A ausência de notícias e de indicadores relevantes lança destaque para as nomeações de Bolsonaro. Além disso, a fala de Bolsonaro, ontem, de que não conseguiria aprovar a Reforma da Previdência, também foi destaque", disse. Para Fernanda, o patamar normal da moeda é estar na faixa entre R$ 3,65 e R$ 3,75.

De acordo com Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, a divisa estrangeira foi afetada por três fatores nos negócios de ontem. "Petróleo, reforma da Previdência e um fluxo de saída de estrangeiros, ontem, na Bolsa, corroboraram para essa alta. Esse valor da cotação reflete que a reforma ficará para o ano que vem, em uma possível versão moderada, o que, obviamente, frustra o mercado, mas é algo limitado", refletiu.

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