Economia

Retomada do consumo e crescimento da economia turbinam os consórcios

Com mais de R$ 76 bilhões vendidos entre janeiro e setembro, o ano de 2018 se consolida como um dos melhores da história para o setor, que já acumula crescimento de 7,6%

Nelson Cilo
postado em 14/11/2018 06:00
Popular na aquisição de veículos, modalidade de crédito já comercializou 1,882 milhão de cotas até setembro
São Paulo - O reaquecimento da economia e o aumento do mercado de financiamento no Brasil estão estimulando uma velha e conhecida modalidade de crédito: a de consórcios. Puxado pela comercialização de veículos, motocicletas, imóveis e eletrodomésticos, com a venda de 1,882 milhão de cotas e R$ 76,4 bilhões movimentados, o setor cresceu 7,6% entre janeiro e setembro na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foi registrado 1,749 milhão de adesões.

Os dados divulgados ontem são da Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (Abac). ;O sistema de consórcios não só manteve o ritmo das vendas de novas cotas como ampliou e bateu recorde depois de quase três anos;, afirma Paulo Roberto Rossi, presidente-executivo da entidade. ;Nesse panorama, é possível creditar o crescimento ao comportamento de um consumidor mais consciente sobre a modalidade, com maior conhecimento dos conceitos da educação financeira para a tomada de decisões dentro dos limites dos orçamentos pessoais ou familiares.;

Os números são os melhores em muitos anos. Somente em setembro, o sistema registrou a marca de 241,5 mil novas cotas, bem perto das 250 mil comercializadas em dezembro de 2015. Com isso, o mês garantiu a quarta melhor posição nos últimos dez anos. ;Os números mostram que os consumidores aprovam o modelo como alternativa devidamente planejada na hora de comprar bens ou contratar serviços diversificados;, destacou Rossi. O acúmulo de adesões constatadas nos três trimestres é igualmente maior se comparado aos respectivos meses desde 2014.

Em setembro, os destaques foram os recordes obtidos na atual temporada em cada um dos seis setores ; veículos leves, veículos pesados, motos, imóveis, serviços, eletroeletrônicos e outros bens duráveis. ;Mesmo em tempos de juros baixos, os consórcios têm se mostrado uma alternativa de planejamento de aquisições de médio e longo prazo, além de baixo custo em comparação aos financiamentos tradicionais;, afirma o economista Marcos Silveira, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Os valores, no entanto, têm apresentado oscilações. Em setembro, o tíquete médio atingiu R$ 42,5 mil, 3,2% inferior aos R$ 43,9 mil de igual mês de 2017. Em relação a janeiro último, houve uma elevação de 10,4% sobre os R$ 38,5 mil. Segundo a pesquisa da Abac, de 189 dias úteis decorridos nos nove primeiros meses (o mesmo total trabalhado há um ano), a média diária das adesões alcançou 9,95 mil ou 7,5% a mais do que as 9,26 mil anteriores. Só nos 19 dias de setembro, quando foram comercializadas 12,7 mil cotas por dia ; recorde nos últimos três anos ; houve alta de 10,4% sobre as 11,5 mil por dia comparativamente ao mesmo mês analisado em 2017.

Ainda pelos números do levantamento, o total de consorciados ativos chegou a 7,055 milhões em setembro, 2,7% acima dos 6,872 milhões do mesmo mês de 2017. O aumento sucessivo em doze meses permitiu alta de 2,8% sobre outubro de 2017 ; eram 6,860 milhões comparativamente a 7,055 milhões de setembro.

De janeiro a setembro de 2018, o total das contemplações contabilizou 893,4 mil, ou 2,1% menos do que as 912,6 mil anteriores no mesmo período em 2017. Os créditos relativos aos contemplados subiram 2,1%. Em 2017, houve acúmulo de R$ 29,63 bilhões (janeiro-setembro), mas neste ano ultrapassaram R$ 30,24 bilhões.

No contramão


A expansão dos consórcios contrasta com as dificuldades da economia em impor um ritmo constante de crescimento. Durante os nove primeiros meses de 2018, a economia nacional andou em câmera lenta porque também esperava o desfecho das eleições.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), da Confederação Nacional da Indústria, recuou 0,5 ponto, para bater na casa dos 52,8 pontos em setembro. O índice negativo é o primeiro registrado na comparação mensal desde a forte queda de junho (-5,9 pontos), por conta da paralisação dos serviços de transporte rodoviário de carga.

Apesar da retração, a recuperação acumulada em julho e agosto (%2b3,7 pontos) não foi totalmente suficiente: o ICEI encontra-se 1,3 ponto abaixo de sua média histórica, e 2,9 pontos abaixo do registrado no mesmo mês de 2017.

Paralelamente, ainda em função da crise de confiança, alguns segmentos do comércio devem terminar o ano com resultados abaixo do esperado, segundo a Fecomercio. Embora ainda leve certo tempo para uma melhora das condições econômicas do país, o setor pode adotar algumas ações para planejar a estratégia de negócios visando o fim deste ano. A expectativa principal está nas vendas de Natal, especialmente com a entrada do 13; salário.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação