Economia

BR Distribuidora pode ser vendida, diz general Mourão a investidores

Comentário de Mourão teve efeito positivo nas ações da empresa, que fecharam em alta de mais de 5%

Agência Estado
postado em 14/11/2018 09:48

Mourão também disse que uma proposta de acordo sob a qual a Boeing adquiriria o controle das operações de jatos comerciais da Embraer é 'muito boa'

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, quer privatizar a BR Distribuidora, unidade de distribuição de combustíveis controlada pela Petrobrás, disse nessa terça-feira (13/11) o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, em conferência com investidores em Nova York.

O comentário teve efeito positivo nas ações da empresa, que fecharam em alta de mais de 5%. Para Glauco Legat, analista da Spinelli Corretora, os papéis reagiram bem porque isso mostra que Bolsonaro é "flexível em suas opiniões". "É importante aguardar os próximos passos. Logo após a vitória nas eleições, Bolsonaro deu um balde de água fria no mercado falando sobre a privatização da Caixa, Banco do Brasil e a geração da Eletrobrás (o presidente eleito disse que não privatizaria essas empresas). Vamos ver se ele mesmo confirma a informação dada hoje (ontem) por Mourão. Se isso acontecer, será positivo e o mercado dará mais crédito para o seu programa de privatização."

A petroleira estatal abriu o capital da sua unidade de distribuição em dezembro do ano passado, e ainda detém 71% das ações. A BR Distribuidora tinha valor de mercado de R$ 25 bilhões no fechamento de segunda-feira.

Falando por meio de videoconferência para uma plateia de investidores e executivos, Mourão também disse que uma proposta de acordo sob a qual a Boeing adquiriria o controle das operações de jatos comerciais da Embraer é "muito boa" para o grupo brasileiro. Essa fala também movimentou os papéis da Embraer. As ações subiram 2,5% assim que ele comentou que Bolsonaro acha bom o acordo com a Boeing. Os papéis, no entanto, acabaram recuando e fechando com alta de 0,10%, a R$ 20,40.

Explicação

"Não coloquei que o governo deve privatizar a BR Distribuidora, mas que o governo pode", frisou o militar na manhã desta quarta-feira (14/11), em entrevista à Rádio Eldorado.


"Existe esta visão do presidente Bolsonaro, de que poderia privatizar. Já conversei com pessoas do ramo e considero que seria muito bom, então estamos caminhando nesta direção", apontou Mourão.

O vice-presidente eleito ressaltou que a possibilidade de a medida ser efetivada é sua percepção, diante de declarações e posicionamentos anteriores de Bolsonaro, inclusive durante a campanha presidencial.

Câmara


A posição do governo eleito em relação aos nomes cotados para assumir a presidência da Câmara na próxima legislatura é uma questão que ainda não tem uma definição, afirmou Hamilton Mourão. "É um problema que vai se delinear na próxima legislatura", disse o militar à Rádio Eldorado.

Evitando se comprometer com os nomes, Mourão afirmou, porém, que Rodrigo Maia (DEM-RJ) tem chances de seguir no cargo. "Acredito que o deputado Rodrigo Maia, pela sua capacidade e experiência, tem grandes condições de ser reconduzido ao posto", disse.

Maia se reuniu pela manhã com Jair Bolsonaro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde está instalado o gabinete de transição. O deputado saiu sem falar com a imprensa.

Ainda na entrevista, Mourão afirmou que a chance de o Ministério da Educação ser assumido por um militar de carreira é reduzida. "De zero a dez, diria que é menor do que cinco", comentou.

Declarações recentes de Eduardo Bolsonaro, deputado e filho do presidente eleito, sobre enquadramento de movimentos sociais, como o Movimento dos Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), como organizações terroristas também foram comentadas pelo vice-presidente. "O juiz Sérgio Moro, que vai assumir o ministério da Justiça e aconselhar o presidente Bolsonaro nestas questões, já se posicionou e disse que não concorda com o enquadramento como terroristas", pontuou Mourão.

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