Vera Batista
postado em 15/11/2018 08:00
Um em cada quatro desocupados está sem emprego há dois anos ou mais, apesar de a taxa de desemprego no Brasil ter caído para 11,9% ; 12,5 milhões de pessoas ; no trimestre encerrado em setembro. Percentual bem menor do que o do mesmo mês do ano passado, quando alcançou 12,4%, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O contingente de desalentados ; pessoas que já não procuram mais vaga por acharem que não vão conseguir ; atingiu 4,78 milhões de indivíduos, ou 4,3% da força de trabalho. O número é ligeiramente menor do que o do segundo trimestre deste ano, de 4,83 milhões, o maior contingente de desalentados da série histórica. No entanto, quando comparado ao mesmo período de 2017, há aumento de12,6%. Os desalentados, na época, somavam 4,24 milhões de pessoas.
Imigração
Apenas cinco estados ; Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais, Tocantins e Mato Grosso ; tiveram queda na taxa nacional de desocupação (de 11,9%). Em meio à crise de imigração, Roraima foi o único estado com alta no período, de 13,5%, ressalta o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. ;Há grande fluxo de imigrantes chegando a Roraima;, lembrou.No terceiro trimestre de 2018, o rendimento médio real mensal foi de R$ 2.222, estável em relação ao trimestre anterior (R$ 2.229) e ao mesmo trimestre do ano anterior, de R$ 2.208. Empregada há um ano em uma gravataria em Brasília, a vendedora Estela Mota, 30 anos, se queixa da renda mensal. Ao vir do Espírito Santo para a capital, esperava ganhar mais. ;Eu recebia praticamente o mesmo, cerca de R$ 2,5 mil por mês, mas lá, o salário crescia, porque eu tinha comissão;, explicou. Na casa do taxista Moacir Antônio dos Santos, 69, a situação ainda não melhorou. ;Tenho sobrinhas e sobrinhos jovens, de 20, 30, 35 anos que procuram vaga todos os dias, mas não encontram;, disse.
Tendência
Analistas estão mais otimistas com as perspectivas do mercado de trabalho. De acordo com Eduardo Velho, sócio executivo da GO Associados, o desalento é resultado da frustração com o crescimento econômico, que afeta a geração de emprego. ;No entanto, olhando para frente, a equipe econômica do novo governo está apontando na direção certa. O empresariado e o consumidor estão mais confiantes. O emprego pode surpreender em breve, porque os investidores tendem a tirar vários projetos da gaveta;, afirmou. Ele prevê que 2019 pode fechar com mais de 1 milhão de novos empregos.Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, destaca que a recuperação da economia e do emprego já está acontecendo. ;Não se sabe ainda em qual a velocidade. Para chegar ao círculo virtuoso, seria preciso uma média de 300 mil empregos por mês. E ainda estamos em cerca de 110 mil mensais. Creio que até metade mandato do atual presidente, o desemprego se aproxima de um dígito. Mas é preciso aguardar para ver o que será feito;, prevê. No dia a dia, a população ainda sente os efeitos da crise.