Economia

Mercosul e UE não superam impasses e cúpula é suspensa

Uma última tentativa de aproximar as posições ocorrerá na semana que vem, por parte de equipes técnicas

Agência Estado
postado em 16/11/2018 17:16

Além disso, o temor é de que o novo chanceler, Ernesto Araujo, confirme a tendência de o Itamaraty privilegiar as relações com os EUA, e não com a Europa

Os negociadores do Mercosul e da União Europeia não conseguem superar os impasses e a ideia de convocar os chanceleres para tentar fechar um acordo a partir de segunda-feira, 16, está suspensa por enquanto.


Uma última tentativa de aproximar as posições ocorrerá na semana que vem, por parte de equipes técnicas. Se houver finalmente um avanço, os ministros do Cone Sul e da Europa ainda poderiam se reunir no fim de semana seguinte, em Bruxelas.

Mas negociadores do Mercosul admitiram que, depois de cinco dias de intensas negociações na capital belga desde segunda-feira, os avanços foram apenas "milimétricos".

O bloco sul-americano aponta que, do lado europeu, nenhuma concessão foi dada no setor agrícola, um dos principais pontos de interesse do Mercosul num eventual acordo de livre comércio com a Europa.

A Comissão Europeia vem acenando que quer um acordo antes do final do governo de Michel Temer. A preocupação dos europeus é de que, com o governo de Jair Bolsonaro no poder, as condições para um acordo seriam modificadas.

Além disso, o temor é de que o novo chanceler, Ernesto Araujo, confirme a tendência de o Itamaraty privilegiar as relações com os EUA, e não com a Europa.

Espanha, Portugal e Alemanha estariam entre os países mais dispostos a insistir por um acordo. Mas internamente, Bruxelas vem sofrendo a pressão por parte de governos de economias mais protecionistas que rejeitam abrir seu mercado aos produtos agrícolas do Mercosul.

Nas capitais europeias, o lobby tem sido intenso para impedir que haja uma oferta para que se permita uma maior exportação de açúcar, etanol e carnes por parte de Brasil ou Argentina.

A pressão também tem vindo da sociedade civil e de parte de deputados de origem de setores mais protecionistas.

Ao longo do anos, esses grupos usaram de diferentes argumentos para justificar uma suspensão do processo negociador: o escândalo de corrupção no setor de vigilância sanitária, a morte da vereadora Marielle Franco e, agora, eleição de Jair Bolsonaro.

Na semana passada, mais de 20 grupos de proteção animal emitiram carta para a Comissão Europeia exigindo o fim das negociações com o Mercosul.

Bruxelas decidiu manter os encontros com os negociadores do Cone Sul. Mas sua posição foi enfraquecida.

Negociadores do bloco sul-americano indicaram ao Estado que chegaram à cidade de Bruxelas no início da semana prontos para fechar compromissos e ceder em vários capítulos da negociação. Mas não sentiram a mesma disposição por parte de Bruxelas.

Ao final da semana, portanto, o Mercosul se queixa de que a UE de não está cedendo, algo que teria ficado claro nos cinco dias de negociações nesta semana. O bloco sul-americano insiste que vem oferecendo soluções em diversos setores para atender aos pedidos europeus no setor de automotivos e mesmo na proteção de vinhos e outros produtos da UE.

Mas não foi atendido em suas principais reivindicações, principalmente no que se refere a um maior acesso a produtos agrícolas.

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