Economia

Bolsa fecha em baixa e dólar em alta em dia azedo para o mercado

A moeda norte-americana atingiu valorização de 0,67%, sendo negociada a R$ 3,763

Gabriel Ponte*
postado em 19/11/2018 18:54
Homem olha através de luneta em barco feito com notas de dólar
No primeiro pregão da semana, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), operou em baixa, após forte alta na sessão de sexta-feira (16/11), além de ter refletido as preocupações com o exterior, diante dos desdobramentos da Guerra Comercial entre Estados Unidos e China, a volatilidade da cotação do barril do petróleo no mercado internacional e das falas desconexas de membros do Fed, Autoridade Monetária dos EUA.

[SAIBAMAIS]Na conjuntura doméstica, o anúncio de Roberto Castello Branco, economista de viés liberal e com pós-doutorado na Escola de Chicago, como novo presidente da Petrobras, agradou os investidores e chegou a impulsionar, inicialmente, as ações da estatal, que sofreram forte volatilidade longo do dia. No pregão, o Ibovespa teve desvalorização de 0,69%, alcançando os 87.900 pontos, enquanto que o dólar teve valorização de 0,67%, encerrando a segunda-feira negociado a R$ 3,763 a venda. A fala de Bolsonaro, no fim do dia, de que pode privatizar ;uma parte; da Petrobras ajudou na valorização dos papéis da petrolífera.

De acordo com Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas, os negócios na bolsa paulista estiveram atrelados à sessão de sexta-feira (16/11) que teve forte valorização de 2,96%, além do desempenho de Wall Street. ;Esta semana é complicada. Por si só, hoje, dois fatores movimentaram os negócios. Primeiro, a queda da bolsa americana, com Dow Jones, S e Nasdaq caminhando para fechar o dia em direção única, sendo negativa, o que já pode explicar a questão. Além disso, com o forte movimento de sexta-feira, foi razoável algum tipo de acomodação nesta segunda;, disse.

No dia, as ações preferenciais da Petrobras, que compõem 8% da carteira do Ibovespa, encerraram o pregão em leve alta de 0,78%, após forte volatilidade. No entanto, o pregão foi marcado por expressiva queda dos ativos ordinários da Cielo (-5,03%), além da desvalorização dos papéis ordinários da Vale (-1,39%), com preocupações acerca do prosseguimento da Trade War. ;O setor financeiro também pesou bem, com papéis de bancos depreciando;, completou Chermont. Na visão do economista-chefe da Quantitas, a nomeação de Castello Branco como novo presidente da Petrobras foi ofuscada por um cenário azedo no exterior.

Para Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, a semana atípica, com feriado nesta terça-feira (Consciência Negra) em alguns estados, e nos Estados Unidos (Thanksgiving) na quinta-feira, 22, reduzem a liquidez global no mercado. ;São dias atípicos, com baixa liquidez mundial. Assim, a volatilidade tende a aumentar para o lado que for, dado o baixo volume de informações;, relatou.

No entanto, no pregão desta segunda, Spyer destaca que a fala de John Williams, presidente do Fed em Nova York (o banco central do EUA) pesou nos negócios mundiais, opinando que os juros dos EUA ainda estão baixos. ;Ele (Willams) falou que a economia estadunidense está muito aquecida, criando empregos. Com isso, seria ;provável; que, de alguma maneira, a Autoridade Monetária suba os juros. Isso estressou o mercado americano, com comentários desconexos entre membros do banco central;, afirmou.

No dia, o dólar norte-americano atingiu valorização de 0,67%, sendo negociado a R$ 3,763, em um movimento de realização de lucros. A divisa estrangeira teve valorização frente às moedas de emergentes. Segundo Spyer, entre as principais divisas, o real foi a segunda moeda que mais desvalorizou-se para o dólar, ficando atrás apenas do peso mexicano.

Em nota, também hoje, o banco suíço Credit Suisse recomendou aos clientes o olhar atento às nomeações de novos indicados para compor a equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro. O dia também foi marcado por vencimento de contratos de opções em relação a ações, reforçando a liquidez no mercado. Os investidores também acompanham uma possível ;dança das cadeiras;, com a possibilidade de Ivan Monteiro, atual presidente da Petrobras, assumir a presidência do Banco do Brasil (BB), já que Castello Branco foi nomeado para o comando da Petrobras.

Menor inflação

A segunda-feira também foi marcada pela divulgação do Boletim Focus pelo Banco Central (BC), que reúne as previsões do mercado sobre indicadores da economia. De acordo com o relatório, ã, a expectativa de economistas é de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do país encerre 2018 em 4,13%, queda de 0,10 ponto percentual (p.p) em relação à semana passada, 12.

É a quarta queda consecutiva da inflação. Já a taxa básica de juros da economia (Selic) foi mantida a 6,5% o ano em 2018, enquanto que o mercado prevê elevação, para 8%, em 2019. O Produto Interno Bruto (PIB), por sua vez, permaneceu com expectativa ancorada para crescimento de 1,36% em 2018. O dólar, por sua vez, também permaneceu, na previsão dos economistas, negociado, em 2018, a R$ 3,70, mesmo valor da semana passada.
*Estagiário sob supervisão de Anderson Costolli

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação