Economia

Empresa de óleo e gás da Queiroz Galvão prepara recuperação judicial

Agência Estado
postado em 28/11/2018 08:07
A Constellation, empresa de óleo e gás do grupo Queiroz Galvão, prepara um pedido de recuperação judicial para os próximos dias, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. A companhia tenta renegociar sua dívida, de US$ 1,7 bilhão, desde o começo do ano, mas sem sucesso com os credores. A expectativa inicial era dar entrada no pedido nesta quinta-feira, 29, por causa de um vencimento que ocorre no mesmo dia. Mas é possível que esse prazo seja estendido para conseguir mais apoio de investidores. As negociações ocorrem em três blocos: do sindicato de bancos estrangeiros, do Bradesco e dos bondholders (donos de títulos com vencimentos em 2019 e 2024). Apesar de ter conseguido adesão de 50% dos credores, a recuperação judicial (ou, em última hipótese, extrajudicial) seria necessária para elevar o apoio à reestruturação da dívida, com alongamento dos prazos, dizem fontes próximas às negociações. Os acordos com as instituições internacionais e com o Bradesco estariam mais avançados do que com os detentores dos títulos, que ainda esperam uma saída fora da esfera judicial. O Estado apurou, no entanto, que a ideia é entrar com a recuperação judicial com o apoio do maior número possível de credores. A Constellation foi procurada pela reportagem, mas não quis comentar o assunto. O fluxo de caixa da companhia vem caindo desde que as investigações da Lava Jato - e queda no preço do petróleo - levaram a Petrobrás a reduzir os gastos com a renovação de arrendamentos de plataformas de petróleo. A empresa começou o ano com cerca de US$ 269 milhões em caixa e um montante de US$ 652 milhões a devolver para credores em 2018. Boa parte dessa conta já venceu, sem que a empresa pudesse honrar os compromissos. O Bradesco, por exemplo, vem renovando o prazo de pagamento de US$ 150 milhões que tem a receber desde agosto. O último prazo dado vence nesta quinta. Em alguns casos, a empresa usou o período de carência de 30 dias - sem configurar calote - para pagar os juros vencidos neste ano. Mas teve pagamentos fora desse período, o que levou as agências de classificação de risco a rebaixarem a nota da empresa. Os problemas não param por aí. A partir do mês que vem, sete de suas oito plataformas estarão desocupadas. Todos os outros contratos já foram encerrados. Por isso, a Constellation pede para alongar as dívidas, ganhando mais tempo para recolocar as plataformas no mercado e pagar o que deve. A primeira proposta foi feita em maio, mas até agora não tiveram adesão adequada. Além de disputa sobre as novas condições de pagamento, há dúvidas sobre as garantias que podem ser apresentadas. Com dívidas que superam os R$ 10 bilhões, o grupo tem tido dificuldade para aprovar o plano de reestruturação, em discussão com os credores desde o ano passado. A família Queiroz Galvão, que detém 74% da Constellation, tenta acordos com credores em todos os seus braços. Na segunda-feira, homologou o pedido de recuperação extrajudicial de sua subsidiária de energia. Há negociações ainda para tentar salvar a empreiteira, a empresa de exploração e o Estaleiro Atlântico Sul. Os credores da Constellation querem que todas as plataformas da companhia passem a garantir a dívida total da empresa, apurou o jornal O Estado de S. Paulo - ou seja, caso uma não esteja gerando receitas, a dívida passe a ser coberta pela que esteja operando e dando dinheiro. Mas algumas plataformas já haviam sido dadas em garantia a credores específicos e há ainda aquelas que têm a participação de sócios - e que não dividem responsabilidade sobre a dívida total. É o caso das plataformas Laguna e Amaralina, na qual a Constellation tem cerca de 65%. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a empresa chamada Alperton, sócia nessas unidades, questiona há meses os Queiroz Galvão sobre informações financeiras da companhia e abriu uma disputa nos bastidores para tentar evitar que as plataformas, que constituem parte importante do portfólio da Constellation, sejam usadas com garantias. Esse possível litígio tem deixado credores receosos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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