Economia

Cartão de crédito deverá considerar o câmbio do dia em que compra for feita

Nova medida do Banco Central entrará em vigor a partir de março de 2020. Regra também prevê a divulgação dos valores em reais de cada compra no câmbio do dia

Rosana Hessel
postado em 28/11/2018 12:51
Na avaliação do presidente do BC, essa medida aumenta a previsibilidade para os clientes em relação ao valor a ser pago
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, anunciou novas medidas para os cartões usados no exterior, obrigando os bancos, por exemplo, a oferecer ao cidadão que saiba em reais quanto ele gastou no cartão de crédito em cada compra, em tempo real. Além disso, o banco também será obrigado a converter o câmbio para reais da data de cada gasto. Essas novas regras devem entrar em vigor a partir de março de 2020.

Na avaliação do presidente do BC, essa medida aumenta a previsibilidade para os clientes em relação ao valor a ser pago, evitando o efeito da variação da cotação da moeda estrangeira entre o dia do gasto e o dia de pagamento da fatura, que costuma ter valor diferente ao do fechamento do boleto do cartão. Normalmente, há um ajuste do câmbio na fatura seguinte. ;Isso será obrigatório com essa regra, mas é verdade que muitos bancos já oferecem esse serviço ao consumidor, que pode negociar com a instituição;, destacou.

O anúncio foi feito durante a apresentação de Goldfajn ao fazer o balanço do segundo ano da agenda BC%2b, que totalizou 68 ações, sendo 41 concluídas entre 2017 e 2018 e outras 27 em andamento, como o projeto de lei de criação do cadastro positivo, que não conseguiu ainda ser aprovado pela Câmara dos Deputados, mas tramita no Congresso desde 2011.

Durante a apresentação, o ministro destacou que o custo do crédito vem caindo nesse período em que ele esteve à frente do BC, de forma gradual, mas é preciso que essa agenda tenha continuidade para que os juros tenham uma redução mais sustentada. Conforme os dados apresentados por Goldfajn, o custo médio do crédito para as famílias, por exemplo, passou de 52,3% ao ano, em fevereiro de 2017, para 44,5% ao ano, em setembro de 2018. O spread médio

Na avaliação dele, o novo governo deverá dar continuidade nessa agenda BC , que vem estimulando o aumento da competição no mercado, para que essa queda do custo seja mais duradoura. Contudo, as previsões da taxa básica de juros (Selic), que atingiu a mínima histórica de 6,5% ao ano, apontarem para um aumento a partir de 2019, pois será um ano bastante desafiador do ponto de vista fiscal para o novo governo. ;Não acho que a agenda vai se deteriorar (no novo governo) e essa queda do custo do crédito vai começar de forma mais sustentável e continuará e não acho que a taxa básica vai influenciar o contrário. Se a gente conseguir manter a Selic em um dígito ao longo do tempo, acredito que o custo do crédito vai continuar cindo;, apostou Goldfajn.

;Bons olhos;


O chefe do BC evitou revelar quais os motivos pessoais que o levaram a recusar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de permanecer no cargo. Contudo, ele elogiou o novo governo, e afirmou vê-lo ;com bons olhos;. ;As razões são pessoais e não vou estender quais. Estou muito satisfeito com o trabalho e a equipe do Banco Central e vejo com bons olhos o novo governo e as medidas que estão sendo pensadas. A parte institucional está indo bem;, afirmou.

O ministro adiantou que deverá continuar chefiando a instituição até março de 2019, porque que o substituto, o economista Roberto OIiveira Campos Neto, deverá ser sabatinado pelo Senado, provavelmente, em fevereiro, quando será iniciada a nova legislatura do Congresso.

Goldfajn evitou comentar sobre a possibilidade cogitada pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, de reduzir as reservas internacionais caso o dólar atinja R$ 5 e muito menos sobre o risco dessa operação. ;A política do Banco central vai continuar sendo a mesma política e as questões que podem ocorrer ao longo do tempo, acredito que tudo permanece de forma;, disse. ;Não vejo grandes mudanças nessas áreas;, completou.

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