Bruno Santa Rita*
postado em 29/11/2018 13:33
O Brasil ficou classificado como segundo país com a menor média de investimento público em uma lista de 42 países. O relatório do Observatório de Política Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) mostrou que, entre 2000 e 2017, a média anual de investimento público do Brasil foi de 1,92% do Produto Interno Bruto (PIB). Apenas a Costa Rica ficou abaixo, com média de 1,87%.
Os países que lideram a lista do relatório em investimento público são a Estônia (5,28%), a Coréia do Sul (5,12%) e a República Checa (4,75%). A Rússia apareceu com a média anual de 3,90% do PIB e os Estados Unidos da América com 3,67%. O estudo também mostrou que a média anual de investimento dos 42 países foi de 3,51%.
Segundo o professor de finanças da Unicesp Bolívar Godinho, o governo, atualmente, não consegue reduzir as despesas de custeio da máquina, o que é um impedimento para que cresçam os investimentos. ;Por uma série de razões e custos que o governo tem, eles acabam reduzindo o investimento cada vez mais. Isso é péssimo porque o dinheiro dos impostos acaba sendo subutilizado;, explicou.
Godinho apontou que reajustes com efeito cascata são comuns no setor público brasileiro e que impactam na dificuldade do governo de separar orçamento para investir. ;O próprio Supremo Tribunal Federal (STF) conseguiu o reajuste. Aí tem a cascata e uma série de outras pessoas também recebe o aumento. O Brasil está cheio desse tipo de coisa;, informou.
O economista e pesquisador da Unicamp Felipe Queiroz lembrou que o problema de investimentos públicos no Brasil é histórico. Segundo ele, existe um movimento neoliberal no governo do país, o que direciona a atenção dos investimentos para o setor privado. ;O estado reduziu muito a participação e isso tem afetado o crescimento do país no médio e longo prazo;, ressaltou.
Queiroz entende que a tendência do próximo governo é de manter ou até reduzir os investimentos públicos. ;O próprio Paulo Guedes, futuro ministro da economia, já deixou claro que a prioridade é o setor privado;, alertou. O pesquisador indicou que, com o baixo investimento público, problemas diversos devem afetar o país: queda na competição internacional, crescimento e desenvolvimento econômico limitados, infraestrutura pública precária, dentre outros.