Economia

Terceiro trimestre teve ritmo forte para investimentos, segundo IBGE

Dados do IBGE mostram que, mesmo com a distorção causada pela mudança nas regras do Repetro, aplicação de recursos no terceiro trimestre ficaria no campo positivo. Descontando esse dado, avanço da taxa trimestral passaria de 7,8% para 2,7%

Rosana Hessel
postado em 01/12/2018 07:00
Ilustração com gráficos, arrobas, porcentagem, dinheiro e símbolo de soma
Os investimentos mostraram um ritmo mais forte no terceiro trimestre em todas as bases comparativas do Produto Interno Bruto (PIB), conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registrou um crescimento de 7,8% em relação ao mesmo período de 2017, a maior alta desde o segundo trimestre de 2013. Contudo, esse bom desempenho foi contaminado pelas mudanças nas regras do Repetro, programa de incentivo tributário do setor de petróleo e gás, que fez com que plataformas exportadas de forma contábil, sem nunca terem saído do país, passassem a ser computadas, neste ano e, provavelmente, até 2019, como importação.

O crescimento ajudou a elevar a taxa de investimento em relação ao PIB do terceiro trimestre, que passou de 15,4%, em 2017, para 16,9%, em 2018. Esse dado, contudo, está bem longe do pico de 21,5% do PIB, registrado em 2012 e em 2010. De acordo com Claudia Dionísio, gerente das contas nacionais do IBGE, se fossem descontadas essas plataformas, o crescimento dos investimentos no trimestre teria sido de 2,7%. ;As importações também teriam sido menores, passando de 13,5%, para 6,9%. Mas, de qualquer forma, os investimentos continuariam no campo positivo e acima da taxa de 1,3% do PIB. Isso significa que, mesmo com esses descontos, o mercado interno teve participação no crescimento da economia;, explicou. Ela lembrou que, com a revisão do PIB de 2017, a queda dos investimentos naquele ano passou de 1,8% para 2,5%, e, devido a essa base menor, isso melhorou os dados deste ano.

Um levantamento feito pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) revelou que, entre 2004 e 2016, foram exportadas 28 plataformas de petróleo, que equivalem a US$ 21 bilhões. Analistas criticam essa distorção nos investimentos e o fato de os dados não estarem muito claros. Para eles, isso atrapalha as previsões e a interpretação do desempenho do PIB e da retomada da economia.

;Não é possível ainda afirmar que os investimentos em capital fixo, que costumam ocorrer por meio de importações e implicam uma forma de crescimento mais sustentável, estão sendo realmente retomados. Os dados das plataformas distorcem as análises;, criticou Juliana Inhasz, professora de economia do Insper.

Pelas contas da economista Luana Miranda, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a alta da FBCF no trimestre ficaria em 3% sem as plataformas. ;Esse dado torna a taxa de investimento fictícia;, afirmou.

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