Economia

Altas tarifas cobradas por portos e aeroportos freiam exportação brasileira

Estudo da Confederação Nacional da Indústria aponta taxas portuárias e aeroportuárias como o maior obstáculo enfrentado pelo setor exportador na disputa pelo mercado externo. Custos de transporte e burocracia também reduzem competitividade

Andressa Paulino*
postado em 03/12/2018 06:00
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As elevadas tarifas cobradas por portos e aeroportos são o principal problema enfrentado por empresas brasileiras que operam no comércio exterior. Os dados são da pesquisa ;Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras;, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo o levantamento, 51,8% das entidades empresariais ouvidas afirmam que o custo das tarifas é o fator que mais prejudica a competitividade dos produtos nacionais no mercado externo.

Outros três entraves também são considerados críticos pelos exportadores: a dificuldade de oferecer preços competitivos, as elevadas taxas cobradas por órgãos anuentes e os altos custos do transporte doméstico.

Com os principais problemas relacionados a tarifas e a transporte, o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi, destaca a necessidade de cooperação entre os setores público e privado. ;Temos uma carga tributária muito elevada. Além disso, a logística de transporte rodoviário é ruim. Não usamos ferrovias e acabamos pagando fretes caros;, diz. ;De um lado, o governo deve enfrentar esses problemas estruturais; de outro, as empresas precisam investir em produtividade e inovação;, acrescenta.

[SAIBAMAIS]Segundo Abijaodi, a aprovação de reformas seria importante para melhorar as condições de operação no comércio exterior. ;A reforma tributária, por exemplo, poderia reduzir os altos tributos, criando um imposto único, enquanto a da Previdência lidaria com o deficit fiscal;, analisa. ;No entanto, elas não vão ser aprovadas da noite para o dia. De qualquer modo, só a eliminação de problemas burocráticos já ajudaria muito o exportador;, ressalta o diretor.

Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Juliano da Silva Cortinhas, é preciso ir além das reformas para criar competitividade no mercado externo. ;É necessário ampliar a malha portuária, aérea e hidroviária, diminuindo a dependência do transporte rodoviário;, explica. Cortinhas destaca ainda o investimento em tecnologia. ;Precisamos de um mercado estratégico, o que requer uma grande política de fomento a pesquisas tecnológicas voltadas para toda a cadeia de exportação.;

Regiões


De acordo com a pesquisa da CNI, no Centro-Oeste, o maior entrave é o custo de transporte doméstico ; da empresa ou do estabelecimento rural até o porto de saída do país. Já no Nordeste, o custo de transporte internacional, do Brasil até o país de destino, é o obstáculo considerado mais crítico.

No Norte, os exportadores se mostraram mais afetados pela baixa disponibilidade de capital para as atividades de exportação e pela ausência de terminais intermodais. No Sul e no Sudeste, assim como no resultado nacional, as elevadas tarifas cobradas por portos e aeroportos figuram como o problema mais grave.

*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo

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