Agência Estado
postado em 03/12/2018 14:26
O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou nesta segunda-feira, 3, que o processo de "normalização" da política monetária dos Estados Unidos tem sido gradual e bem comunicado, ao responder a uma pergunta sobre os mais recentes passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), durante seminário na Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio.
"O juro nos EUA não poderia ficar perto de zero para sempre", afirmou Ilan Goldfajn, após constatar que o momento é de "normalização".
O presidente do BC lembrou que, nos EUA, o desemprego está perto de 4%, nas mínimas históricas, e a economia americana está "crescendo bastante".
"A maior apreensão é que (o juro básico nos EUA) subisse rápido, mas isso não aconteceu. Até agora, (a normalização) tem sido gradual, bem comunicada", afirmou Ilan Goldfajn, após ressaltar que, quando o juro sai de zero e vai subindo, pode "gerar turbulência aqui".
Garantias
O presidente do Banco Central afirmou nesta segunda-feira que, por causa de falhas no marco legal, a recuperação de garantias em operações de crédito no Brasil é de cerca de 13% dos valores emprestados, contra 80% na média mundial. Ele chamou a atenção para o fato ao voltar a defender a aprovação de uma série de medidas microeconômicas com foco no aumento da eficiência do setor bancário e do mercado de crédito, a chamada agenda "BC+".
"Não basta só a inflação ficar na meta. Precisamos avançar em medidas estruturais", afirmou o presidente do BC, em palestra durante seminário na FGV.
Segundo Ilan Goldfajn, o sistema bancário nacional pode ser mais eficiente e as medidas buscadas pelo BC, incluindo ações no campo das garantias, podem aumentar a competição e, portanto, baixar os spreads e as taxas ao consumidor final. No campo das garantias, Goldfajn citou a criação das Letras Imobiliárias Garantidas (LIG).
"Temos que trabalhar as garantias", afirmou ele. O presidente do BC deu exemplo ainda de outras ações, para flexibilizar a portabilidade das contas-salário e o mercado de cartões de crédito e facilitar a entrada no mercado de instituições financeiras inovadoras, com destaque para novas tecnologias. "Temos novos competidores, que podem parecer pequenos, mas estão captando bilhões em NY", afirmou Ilan, numa referência ao mercado de meio de pagamento, que prestam o serviço com as maquininhas de cartão de crédito e débito.
Conforme dados mostrados por Ilan Goldfajn na apresentação, em 2016, apenas 14,3% do mercado de meios de pagamento estava fora das mãos das duas empresas líderes do segmento. Em 2018, essa fatia subiu para 26,4%.
Ele comemorou ainda a aprovação da lei que cria as duplicatas eletrônicas, em reta final no Congresso Nacional, e previu ainda para este ano a aprovação da lei que altera as regras no sistema de cadastro positivo de crédito. "Em poucos dias vamos ter a duplicata eletrônica", disse.