Agência Estado
postado em 04/12/2018 17:19
Os juros futuros ampliaram a alta e as principais taxas renovaram máximas na reta final da sessão regular desta terça-feira, 4, ainda em linha com a deterioração no mercado de moedas de economias emergentes, que penaliza o real e seus pares ante o dólar. O aumento da aversão ao risco tem como pano de fundo dúvidas sobre se o acordo fechado durante o fim de semana entre a China e os Estados Unidos, de suspensão de tarifas mútuas por 90 dias, é um compromisso firme.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 6,990%, de 6,942% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2021 subiu de 7,933% para 8,01%. A taxa do DI para janeiro de 2023 encerrou a 9,21%, de 9,073% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 avançou de 9,582% para 9,77%.
Nesta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no Twitter que é um "homem de tarifas" e que o país tem ganhado bilhões de dólares com tarifas. Comentou que poderia haver acordo com a China, mas apenas se Pequim atender a todas as demandas americanas, o que não está claro se ocorrerá.
Em outra frente, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que os Estados Unidos suspenderão sua participação num tratado nuclear, com o argumento de que a Rússia tem violado a iniciativa. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) concluiu que Moscou viola o tratado.
Nesse ambiente, os ativos de risco estão pressionados pela busca do investidor pela segurança dos títulos do Tesouro americano. Por volta das 16h15, os rendimentos dos Treasuries estavam nas mínimas do dia, com a taxa da T-Note em 2,910%, do nível de 2,96% na segunda-feira.
O achatamento do spread entre os rendimentos dos títulos de curto e longo prazo voltou ao radar, com a diferença entre o juro das T-notes de dois e dez anos diminuindo para 11 pontos-base, depois de atingir na segunda o menor nível desde 2007, aos 18 pontos-base. A T-Note de dois anos tinha taxa de 2,794%. A redução do spread é considerada um sinal de recessão dos EUA mais à frente.
Mais cedo, os receios com a reforma da Previdência já pesavam sobre a curva doméstica, a partir das declarações do ministro extraordinário da transição e futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Na segunda-feira, ele indicou que a reforma pode levar um pouco mais de tempo até ser enviada ao Congresso. Na mesma linha, o senador eleito e deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou na segunda que o envio do projeto ao Congresso não será o primeiro ato da gestão. Porém, membros da atual equipe econômica minimizaram nesta terça as declarações sobre a possível demora em votar a reforma da Previdência.
Para um deles, mais importante que Onyx ou o filho do presidente eleito, é que o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, tenha o senso de urgência para o ajuste fiscal