Natalia Viri, Geraldo Samor
postado em 07/12/2018 06:00
São Paulo ; Em fevereiro, vai completar um ano que Daniel Mendez, o fundador e controlador da Sapore, começou a negociar a fusão de sua empresa com a IMC, a dona das redes Viena e Frango Assado. Até agora, nada feito. A ação da IMC está de lado desde outubro de 2017, quando a Advent, que criou a companhia, desembarcou da maior parte de sua posição a R$ 8 por ação.
À primeira vista, Mendez seria o parceiro ideal. Um self-made man apaixonado por comida ; é capaz, por exemplo, de discutir a padronização das coxinhas e a textura dos rissoles como um enólogo discorre sobre Brunellos ;, Mendez passou os últimos 26 anos construindo a maior empresa de refeições coletivas do país.
A Sapore hoje tem 1,2 mil restaurantes dentro de empresas como Volkswagen, Suzano e Procter, serve 1,2 milhão de refeições por dia e fatura perto de R$ 2 bilhões. Só nos próximos dois meses, a companhia deve inaugurar mais de 150 restaurantes. Entre os novos clientes estão toda a rede Makro, com 75 lojas, o Colégio Porto Seguro e hospitais da Amil.
Para chegar e se manter no topo de seu mercado, a Sapore teve que ser mais eficiente que multinacionais como a Sodexo e a Compass, que no Brasil opera com a marca GR. Mendez desenvolveu uma cadeia de fornecedores própria, metrificou cada polegada de sua logística e consolidou tudo num método de gestão próprio chamado IOS (Inteligência Operacional Sapore).
Mas o currículo de empreendedor com visão estratégica e histórico de execução não tem sido suficiente para conquistar a IMC. Quando diligências mútuas apontaram contingências de parte a parte, a IMC decidiu sair da mesa de negociações e passou a ver problema em cada nova estrutura proposta pela Sapore ; já foram três.
Mendez já teve propostas para abrir o capital da Sapore (sem a IMC) e para fundir a Sapore com companhias de limpeza que atendem à mesma base de clientes industriais. ;Mas meu negócio é comida. É disso que eu entendo e é isso que sabemos operar,; diz o uruguaio, cujos pais vieram para o Brasil nos anos 70, quando o país vizinho se equilibrava entre a guerrilha e a ditadura. Seguem os melhores trechos da conversa.